É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente na Europa, baseado em Londres, de 2013 a 2015. É vencedor de dois Prêmios Esso e de um Prêmio Folha de Jornalismo. Escreve às segundas.
Deputados devem dobrar a fatura para barrar segunda denúncia
Liu Junxi/Xinhua | ||
O presidente Michel Temer |
BRASÍLIA - O palco está quase pronto na Esplanada para o 7 de setembro. Arquibancada, tribuna para autoridades. Tudo montado para a "festa" da Independência sob o forte calor e a infalível seca que atingem a capital federal nesta época.
Michel Temer, o impopular, chega da China para o evento. Espera-se que esteja com ouvidos dispostos a suportar possíveis vaias no desfile, ao passo que seus olhos devem estar fixados na parada e o pensamento voltado para a Câmara e a Procuradoria-Geral da República.
O peemedebista se prepara para a última flechada de Rodrigo Janot, por obstrução da Justiça e, provavelmente, organização criminosa.
Pelo cronograma traçado nos bastidores, a homologação da delação do operador financeiro Lúcio Funaro será assinada pelo ministro Edson Fachin (STF) até quarta (6). O caminho fica então aberto para Janot denunciar Temer utilizando elementos da colaboração de Funaro, o homem-bomba do chamado PMDB da Câmara. Quem conhece o seu teor diz que não há "batom na cueca" contra Temer, mas uma narrativa detalhada e bem contada de como ele fazia parte do time de beneficiários dos desvios de cofres públicos perpetrados pela trupe de Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves no Brasil e no exterior.
São informações a serem usadas por Janot, por exemplo, para reforçar a convicção da participação de Temer em um grupo criminoso.
O presidente se antecipou e divulgou uma longa nota na sexta-feira (1º) afirmando que a delação do operador financeiro "apresenta inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes".
A Câmara vai analisar a acusação sob o inesgotável roteiro de promessas do paraíso aos deputados. Hoje, Temer tem os votos a seu favor, mas terá de lidar com parlamentares magoados com "calotes" do Planalto após a primeira votação. A fatura deve dobrar. A questão é se o governo terá condições de pagá-la.
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