Leandro Colon

Diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso.

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Leandro Colon

"Conselho meu e eu faço: eu sonego tudo o que for possível". A frase é de Jair Bolsonaro, em seu terceiro mandato de deputado, durante uma entrevista a um programa na TV Bandeirantes em 1999.

"Se puder, não pago (imposto) porque o dinheiro vai pro ralo, pra sacanagem. Prego sobrevivência. Se pagar tudo o que o governo pede, você não sobrevive", admitiu.

Patrimônio multiplicado

Reportagem publicada pela Folha neste domingo (7) revelou que Bolsonaro e seus três filhos com mandato multiplicaram os patrimônios em anos de atuação na política.

São 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 15 milhões. A maior parte deles está localizada em áreas de alta valorização no Rio.

Os principais apartamentos e casas foram adquiridos nos últimos dez anos por valores registrados bem abaixo da avaliação da prefeitura do Rio. O caso mais curioso é de uma casa de Bolsonaro em um condomínio na Barra, à beira-mar.

A ex-proprietária pagou R$ 580 mil, reformou e quatro meses depois vendeu-o ao deputado por R$ 400 mil. Com isso, em tese, ela teve prejuízo de 31%, segundo o cartório.

Naquela época, a prefeitura da cidade, ao calcular o imposto de transmissão de propriedade, avaliava a casa em R$ 1,06 milhão.

É corriqueira no país a prática de um comprador de um imóvel registrar na escritura um valor abaixo do que realmente pagou. A trapaça permite dar um olé na cifra correta do imposto de transmissão de bem, esconder o lucro imobiliário ou omitir a evolução de um patrimônio.

Questionado sobre o assunto, Bolsonaro não quis responder. Seus fanáticos seguidores atacaram a reportagem nas redes sociais, comparando-a com as acusações que pesam contra o ex-presidente Lula.

Querem tratar desigualmente uma suspeita de escamoteação do valor de um imóvel e a reforma de um sítio com dinheiro de empreiteira corrupta. Um jeitinho conveniente para criar graus de honestidade.

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