Leandro Colon

Diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso.

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Leandro Colon

BRASÍLIA - Afinal, quem tem medo do ex-presidente Lula nas urnas? Sua presença como candidato à Presidência ameaça os adversários?

É curiosa a reação da elite política anti-Lula ao falar do futuro do petista após o julgamento do TRF-4, na quarta-feira (24), que vai delinear o enredo dos próximos capítulos da disputa pelo Palácio do Planalto.

Em entrevista à Folha, o presidente Michel Temer declarou que prefere uma derrota política de Lula ao risco de vê-lo ser transformado em vítima por um possível revés na Justiça.

"Se o Lula participar (da eleição), vai ser uma coisa democrática, o povo vai dizer se quer ou não", afirmou. "A vitimização não é boa para o país e um ex-presidente", disse.

O mesmo tom foi adotado por outras figuras de alto calibre e que terão relevância no xadrez eleitoral.

No discurso de posse na presidência do PSDB, em dezembro, o governador Geraldo Alckmin afirmou querer "derrotar Lula nas urnas". O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse recentemente à Folha: "Para o Brasil, é melhor Lula perder nas urnas".

Duas leituras naturais podem ser extraídas do palavreado acima:

1. Estão todos blefando. No fundo no fundo, morrem de medo de encarar o líder de intenção de voto nas pesquisas e adotam a retórica na base do "vamos ganhar dele nas urnas" para evitar a acusação de que estimularam o Judiciário a tirá-lo da corrida presidencial.

2. Ou, supostamente destemidos, preferem de fato enfrentar o petista cara a cara a lidar com a provável força que teria um fantasma de Lula rondando a campanha sob o discurso (populista e irreal) de vítima de um complô da elite para afastá-lo.

Mesmo com a condenação do ex-presidente, o PT promete ir até o fim na batalha jurídica por sua candidatura. O placar em Porto Alegre pode significar derrota importante para Lula, mas não vai impedi-lo de discursar por aí como candidato, nem que seja na condição de fantasma.

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