Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Luciana Coelho

'Homeland' pode se tornar um dramalhão

Para quem temia que "Homeland", a série preferida do presidente Barack Obama, descambasse para o melodrama, o trailer da terceira temporada não é bom sinal.

A produção de Alex Gansa, cujo currículo traz a convulsiva "24 Horas" e a adolescente "Dawson's Creek", reestreia em setembro para dar seguimento à história de Nicholas Brody, um sargento americano que passa de prisioneiro de guerra a projeto de terrorista, e Carrie Mathison, uma agente da CIA com transtorno bipolar.

Mas os personagens, antes tão complexos, foram reduzidos a versões caricatas de si mesmos, com uma Carrie chorosa e um Brody emulando Jack Bauer, o herói fora-da-lei de "24 Horas".

É pouco para o talento de Damian Lewis e Claire Danes, a dupla de protagonistas indicada mais uma vez ao prêmio Emmy, e é pouco para o espectador que se aborreceu com o romance entre os dois na temporada passada.

O terceiro ano da série se desenrola em torno da fuga do militar, visto pela última vez se despedindo de Carrie após ser apontado como responsável por um atentado na sede da CIA. Em entrevistas, os produtores já avisaram que o personagem não aparecerá nos dois episódios iniciais.

Isso nos deixa com os fantasmas de Carrie, da conspiração interna na CIA -que levará o veterano agente Saul (o ótimo Mandy Patinkin) a ter de se explicar-, da novelesca família Brody, cuja filha adolescente, Dana, está às voltas com sexo via celular, e do islã, combinação pouco promissora.

Ao fundo, toca a triste "To Build a Home", do grupo Cinematic Orchestra, que já serviu de trilha ao drama hospitalar "Grey's Anatomy" (sim, o detector de novelização está bipando alto).

Mais uma vez encontramos Brody surrado em um quarto vazio em algum lugar no Oriente Médio; em outro momento, ele parece lutar junto a um grupo guerrilheiro na América Central.

Carrie, que na despedida ouvira que o caso entre os dois era amor de fato, surge em um quarto espartano que pode bem ser o de um hospital e também em audiência pública sobre a CIA.

O misterioso agente Quinn (Rupert Friend) troca tiros com alguém, e há a inevitável cena de jantar com Jessica Brody (a brasileira Morena Baccarin) e os filhos. Não anima que as coisas mais comentadas do teaser sejam o "sexting" de Dana e a careca de Brody.

A série havia injetado algo novo na forma como a ficção nos EUA pós-11 de Setembro trata terrorismo, abordando a possibilidade de ele nascer dentro do país entre seus "bons" e construindo um roteiro multidimensional, em que a instabilidade dos que supostamente protegem a lei tinha papel central.

Agora, "Homeland" corre o risco de se tornar outra de uma longa lista de produções de perseguição entremeada por um dramalhão romântico que nunca soa verdadeiro. Resta aí, em explorar esse aspecto fake do romance Carrie/Brody, a chance de a série retomar seu rumo.

"Homeland" reestreia nos EUA em 29/9 e será exibida no Brasil nas noites de domingo pelo FX, que ainda não anunciou datas

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