Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Luciana Coelho

Amazon estreia bem com 'Alpha House'

Essa galera do barulho só estava a fim de se dar bem. Mas vai entrar numa TREMENDA confusão e aprontar altas loucuras... do Afeganistão ao Capitólio.

O slogan imortalizado nos anos 80 cairia bem para "Alpha House", a série sobre quatro rapazes dividindo uma casa em Washington que a megaloja on-line Amazon, agora produtora de conteúdo em vídeo, pôs na rede neste mês para brigar com a Netflix.

Exceto que a "galera do barulho" em questão dá expediente no Senado dos EUA.

Não se pode negar que Jeff Bezos, o dono da Amazon, tenha humor e ousadia -além de oferecer a série de graça para atrair assinantes para seu serviço "prime", o "House" do nome é uma cutucada na produção mais aclamada da rival, o drama político "House of Cards".

As espetadas não se limitam aos negócios. Doador e eleitor de Barack Obama, Bezos decidiu fazer piada com o desmonte do Partido Republicano, a oposição. O intuito não passou despercebido. No site da Amazon, espectadores alinharam críticas e elogios conforme suas tendências ideológicas, e a audiência disparou.

Não era o caso de se levar tão a sério. Se "House of Cards" e seu protagonista Kevin Spacey são Shakespeare, "Alpha House", com o bonachão John Goodman à frente, é uma leve "Sessão da Tarde". O nível de sofisticação entre as duas não pode ser comparado, mas o apelo universal pode.

Goodman (o Fred Flintstone do cinema e astro de quase todos os filmes dos irmãos Coen) é o senador Gil John Biggs, um republicano da Carolina do Norte que, acomodado após muitos mandatos, precisa dedicar-se à reeleição ao se deparar com um novo rival de peso. É esse o fio condutor da série.

Como não há apartamento funcional em Washington, Biggs divide endereço com três colegas de partido: um delicado senador de Nevada (Matt Malloy, o melhor em cena), um corrupto inteligente da Pensilvânia (Clark Johnson) e um novato mulherengo da Flórida (Mark Consuelos).

O quarteto brinca com a crítica à falta de diversidade étnica e religiosa entre os republicanos: Biggs perfaz o perfil majoritariamente branco, evangélico e de meia-idade do partido, mas seus colegas de república são, respectivamente, mórmon, negro e latino.

Se o elenco principal, exceto por Goodman, é desconhecido, há fartura de participações especiais: Bill Murray faz uma ponta como um ex-roommate no primeiro episódio; Cynthia Nixon, a Miranda de "Sex and the City", aparece como uma professoral senadora democrata, e o comediante Stephen Colbert interpreta a si mesmo em uma das melhores cenas até agora.

A dose de política na série (corrupção, mentiras de campanha, despreparo, interesses pessoais) não requer iniciação no intrincado sistema americano. Pode ser encontrada facilmente no Congresso mais pertinho de você, só que em uma versão menos engraçada.

"Alpha House" pode ser assistida online e de graça no site da Amazon, com novos episódios a cada sexta-feira

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