Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Luciana Coelho

'Fargo', a série, beira a genialidade do filme

FÃS SAUDOSOS de "Breaking Bad" e "True Detective" já têm com que se ocupar, ao menos nos EUA e em outros países onde a nova série "Fargo", inspirada no filme homônimo dos irmãos Joel e Ethan Coen, é exibida desde o último dia 15. Torçamos agora para que um canal no Brasil se interesse em fazer o mesmo.

Não se trata de ambição pequena querer adaptar o filme mais clássico da dupla, feito em 1996 e contemplado com o Oscar de melhor roteiro. A julgar pelos dois primeiros episódios, porém, o escritor e produtor Noah Hawley acertou a mão.

Comédia de erros, "Fargo", o filme, trata de uma onda de assassinatos toscos a ser desvendada por uma policial muito grávida (Frances McDormand) em um lugarejo soporífero perdido na neve de Minnesota, Estado lembrado nos EUA apenas em piadas. Caricatural, a população local parece sofrer de lentidão de raciocínio crônica.

A série segue a mesma premissa e precisa esticá-la, sem deixar de fazer graça.

Embora a policial (agora interpretada pela desconhecida Allison Tolman, ótima) não esteja grávida e os desdobramentos da história sejam outros, agradando também aos fãs do gênero policial, admiradores dos Coen ("O Grande Lebowski", "Onde os Fracos Não Têm Vez") estarão bem servidos.

Os irmãos não participaram do transplante para a TV, segundo Hawley. Mas seu universo de tipos surrealistas sob a capa de gente comum está todo ali, assim como os litros e litros de sangue capazes de chocar a plateia de "Game of Thrones".

Desta vez, os protagonistas são o vendedor de seguros Lester Nygaard, sonso e malcasado, e o criminoso forasteiro Lorne Malvo, que, por razões diferentes, precisam despistar a polícia. Quanto mais eles se esforçam, mais a coisa piora.

Em atuações que devem ser lembradas pelos prêmios televisivos, o primeiro é interpretado por Martin Freeman (o Watson de "Sherlock") e o segundo por Billy Bob Thornton (cujo último trabalho memorável é um filme dos Coen, "O Homem Que Não Estava Lá", de 2001). Bob Odenkirk, o Saul de "Breaking Bad", faz o chefe de polícia.

Colin Hanks e a adolescente Joey King, que aparecem pouco nos primeiros episódios, completam o elenco principal como um policial da cidade vizinha e sua filha adolescente. Outras caras conhecidas fazem pequenas participações, transformando a série em um desafio delicioso para quem gosta de referências.

A história, em dez episódios, é conduzida pela espiral de cadáveres deixada pelo personagem de Thornton, seja por sua obra direta ou por sua influência sobre quem lhe cruza o caminho.

Sendo uma adaptação dos Coen, os diálogos e personagens importam muito mais do que a narrativa em si, e o humor exigido é um tanto perverso, quase desconfortável. Hawley marca pontos nos dois quesitos. A cena em que os policiais de Odenkirk e Tolman interrogam um aparvalhado Freeman não está nada longe de genial.

"Fargo" estreou nos EUA no dia 15 pelo FX e não tem exibição prevista no Brasil.

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