Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Luciana Coelho

'Red Band Society' é 'Malhação' hospitalar

IMAGINE "GLEE" ou "Dawson's Creek", só que todos os personagens têm câncer. Ok, não só câncer. Vale problema cardíaco, fibrose, distúrbio alimentar ou até coma. É algo assim que o canal Fox apresenta em "Red Band Society", drama adolescente que estreou nos EUA na última quarta-feira (17) e ainda não tem previsão para chegar ao Brasil.

Por trás da produção está Steven Spielberg, que parece passar por uma crise de hiperatividade televisiva com resultados adversos: desde o ano passado, o diretor de "E.T." e "Tubarão" pôs seu nome em três ficções científicas (a nova "Extant", "Under the Dome" e "Falling Skies"), e também no novelão "Smash".

A nova aposta tem ingredientes corretos para "pegar" entre seu público-alvo, mas antes disso precisa evitar que se afunde na pieguice.

Talvez o currículo recente de Spielberg não ajude. O episódio de estreia teve 4 milhões de espectadores nos EUA, número considerado anêmico no país para o horário nobre em um canal da TV aberta.

Inspirada na espanhola "Pulseiras Vermelhas", de 2011, "Red Band Society" acompanha um grupo de seis adolescentes em um hospital. As pulseiras do título vêm da identificação recebida na internação.

Há o menino rebelde que perdeu uma perna para o câncer; o órfão latino que chega sozinho ao hospital para tratar também de um câncer; o adolescente festeiro e malandro que convive com uma fibrose; a animadora de torcida cruel e cardíaca e a mocinha estudiosa com desordem alimentar.

Os episódios são narrados por Charlie (Griffin Gluck), o mais novo da turma, que está em coma por motivo ainda não revelado. Gluck, 14, é competente, mas o texto não ajuda: é tão melado que o jornal britânico "The Guardian" o acusa de provocar cáries nos ouvidos da plateia.

Essa catalogação, uma fórmula que está se esgotando nas séries adolescentes, foi exaustivamente explorada no piloto. Torçamos para que deixem espaço para mais nuances no desenrolar da história.

O alívio cômico cabe à enfermeira megera que zela pelo grupo. Mas ainda que Octavia Spencer seja ótima atriz e consiga dar alguma leveza às cenas, seu papel é parecido demais com o que recebeu no filme "Histórias Cruzadas". Completam o time adulto um pediatra bonitão (Dave Annable) e um milionário hipocondríaco que doa dinheiro ao hospital e usa isso como licença para fumar maconha (Griffin Dunne).

É cedo para entender onde a série quer chegar. O piloto prende a atenção e é menos choroso do que a versão original catalã, o que não chega a ser um mérito. O grupo se esforça, e Charlie Rowe, como o carismático Leo, é especialmente bom.

No entanto, é difícil pensar em algo mais deprimente do que crianças e adolescentes presos a um hospital, por mais que o roteiro tente extrair piadas da situação e recheá-la de mensagens motivacionais. John Hughes, rogai por nós.

"Red Band Society", exibida nos EUA pela Fox, não tem data de estreia no Brasil

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.