Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Luciana Coelho

Nova 'Gotham' conquista com supervilões

ESQUEÇA o Homem-Morcego. Para fãs e não-fãs, o bom de "Gotham", que estreou na Fox nos EUA segunda-feira passada e a Warner começa a exibir no Brasil na noite desta segunda (29), são os supervilões.

Cheio de fantasmas interiores, Batman não faria feio na galeria de anti-heróis perturbados da nova-era-de-ouro-da-TV. Os produtores desta "prequência", porém, deixam-no em segundo plano —a série, nesta primeira temporada, se desenrola na infância de Bruce Wayne— e põem os inimigos sob os holofotes.

A premissa da produção assinada por Bruno Heller (da ótima "Roma" e de "The Mentalist") é mostrar a ascensão de James Gordon (Ben McKenzie, "The O. C."), futuro comissário, na hierarquia da polícia de Gotham City. Mas o mocinho, em termos dramatúrgicos, não é páreo nem para os vilões nem para seu parceiro malandrão Harvey Bullock (Donal Logue).

Focar os criminosos é um jeito esperto de tornar a série atraente tanto para quem acompanha os quadrinhos quanto para quem rejeita super-heróis, além de evitar que ela caia no espectro adolescente de sua prima-irmã "Smallville", calcada na vida pregressa do Super-Homem.

A ver se de fato conseguem levar a missão a cabo, pois ela é difícil.

No primeiro episódio, usado para apresentar os personagens, temos um "mash-up" de vilões de diferentes épocas dos quadrinhos, como se todos tivessem convivido. Serve para atiçar fãs, ainda que alguns torçam o nariz para a liberalidade, e para explicar quem é quem para o espectador leigo, com o didatismo se sobrepondo à fidelidade.

Por exemplo: Poison Ivy/Hera Venenosa, que nos quadrinhos é Pamela Isley, tem seu nome alterado para "Ivy Pepper", para que logo percebamos que a garotinha em cena, cujo pai é enquadrado por matar os Wayne, é a futura vilã.

Vemos Selina Kyle, a Mulher-Gato (Camren Bicondova), se esgueirar por becos acariciando gatinhos; Edward Nigma, o Charada (Cory Michael Smith), é um especialista em criptografia da polícia; especula-se até que o Coringa possa ser um comediante que se apresenta para a líder de gangue Fish Mooney (Jada Pinkett Smith), após os produtores dizerem que haveria suspense para a aparição do personagem. Só Carmine Falcone (John Doman, "The Wire"), vilão mais recente, surge como o mafioso que é nos quadrinhos.

"Gotham", contudo, parece ser mesmo do Pinguim (Robin Lord Taylor, excelente). Magrinho, vítima de abusos mil, Taylor parece dar ao personagem uma nota gay reprimida que lhe cai bem. Quando não está acuado, sua ambição e seu sadismo transbordam e roubam a cena.

Visualmente, "Gotham" guarda menos semelhança com séries de heróis e mais com policiais como "Boardwalk Empire"ou "Law and Order". Parece moderno em tempos menos maniqueístas, mas é uma reverência às origens do personagem nos gibis "Detective Comics" (1939).

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.