Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Luciana Coelho

Indicada ao Globo de Ouro, "Casual" é boa surpresa do diretor de "Juno"

Quando saíram em dezembro os finalistas do Globo de Ouro, premiação que ocorre na noite deste domingo (10), um nome chamou atenção no clubinho de velhos e novos megaprodutores brigando pelas cada vez mais prestigiadas categorias de TV.

Foi o do site de streaming Hulu, pouco conhecido no Brasil, mas que tenta, há oito anos e sem grande sucesso, brigar por espaço nos EUA com a Netflix e que tem por trás 3 dos 4 maiores canais abertos de TV do país: ABC (da Disney), NBC e Fox.

Indicado com a série "Casual" na categoria de comédias, a joint venture dá fôlego à tentativa de reposicionamento dos dinossauros televisivos entre os vorazes e mais ágeis HBO, Netflix e Amazon. (Como se vê, é uma história em que não há peixe pequeno, na qual o uso do adjetivo "independente" deveria se limitar a ousadias e liberdades criativas e não a orçamentos e estúdios.)

"Casual" sobressaiu porque, ao menos na amostra do Globo de Ouro, 2015 foi ruim para rir. O páreo se resume a "Veep" e "Silicon Valley" (as melhores das indicadas, ambas da HBO), as dramáticas "Orange is the New Black" (Netflix) e "Transparent" (Amazon) e a enfadonha "Mozart in the Jungle" (Amazon). Faltou a excelente "Master of None" (Netflix).

Que bom, pois se trata de surpresa grata, uma história que cresce ao longo de seus dez episódios.

À primeira vista, é mais uma comédia familiar temperada por desventuras amorosas-sexuais dos protagonistas, neste caso um par de irmãos e a filha/sobrinha adolescente. Conforme a história corre, o foco recai sobre as relações fraternais e sua peculiar dinâmica criada por pais obviamente desajustados.

"Casual" tem a mão leve e esperta de Jason Reitman, o diretor dos adoráveis "Juno" (2007) e "Amor Sem Escalas" (2009) e do ácido "Obrigado por Fumar" (2005), que assina a produção e pilota os dois primeiros episódios.

Como seus filmes, a série é permeada por um misto de ternura e cinismo cuidadosamente usado para criticar nossa cultura contemporânea. Como seus filmes, a história é de gente bonita e neurótica, sem problemas materiais, mas infinitamente sozinha quando se descasca as últimas camadas de aparências.

Michaela Watkins (você reconhecerá o nariz de suas muitas pontas em outras séries) e Tommy Dewey estão afinados como os irmãos Val e Alex, ela uma psicóloga divorciada controladora e ele o programador que criou e enriqueceu com um site de relacionamento mas é incapaz de manter laços fora da família.

Tara Lynne Barr não compromete como Laura, a filha de Val tentando a todo custo amadurecer.

Mas é com a chegada de Dawn, a mãe ausente da dupla, que a série cresce e envolve. Frances Conroy, a mãe de "A Sete Palmos", merecia um prêmio pelo papel.

Com seus personagens habilmente construídos e precisa no texto, "Casual" estava passando fora do radar de crítica e público —premiações, às vezes, podem ser úteis.

"Casual", do Hulu, está à venda no iTunes/EUA

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.