É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.
Vai, Corinthians!
Veja bem. Sou o mesmo sujeito não corintiano que, faz um ano, neste mesmo espaço, escreveu a coluna "Vai, Boca", pelo direito de torcer contra. Era, como é hoje, véspera de um decisivo Corinthians x Boca pela Libertadores, aquele mais decisivo para a nação corintiana, este mais decisivo para a nação brasileira.
Portanto, espero que meus irmãos palmeirenses e meus amigos são-paulinos e santistas entendam, mas, amanhã, "Vai, Corinthians".
Pelé já tinha dado a letra, ao dizer que o Corinthians tinha de ser a base da seleção, mas foi mal-entendido. Explico o que (acho que) ele quis dizer, à luz do jogo de domingo, final do Paulista contra o Peixe.
Dois Corinthians foram a campo anteontem. No primeiro tempo, o Timão-2012, sufocante, arrasador. No segundo, o Timão-2013, ainda um grande time, mas vulnerável. Embora melhor na teoria que o do ano passado. Talvez com menos fome.
Esses dois Corinthians são movidos pelo volante Paulinho, figura tão certa na convocação de hoje e no Mundial-2014 quanto Neymar.
No domingo, Paulinho foi mais atacante que Neymar. Fez gol, participou de outro, chutou no travessão, perdeu um de cabeça e quase fez um de placa. E defendeu bem.
Paulinho é a base do Corinthians e deve virar a base da seleção. Paradoxalmente, essa seleção comandada pelo técnico que pratica a manjada política de "volantes toscos" e acha que volante-atacante é bajulação da imprensa.
Corinthians e Paulinho, pelos jogos contra São Paulo, o da Argentina com o Boca e o segundo tempo contra o Santos, ameaçaram um certo esgotamento, uma certa descida do nível de supertime, por isso uma vitória contra os argentinos amanhã vai ser duplamente boa.
Para o Corinthians passar e talvez fazer o tira-teima brasileiro deste século contra o Atlético-MG numa possível semifinal (ou, vá lá, que Watford nos ilumine, contra o Palmeiras). E para Paulinho não perder o embalo para conseguir desobedecer Felipão e carregar também o Brasil nas costas nas muitas pedreiras futuras que virão.
Sendo assim... Vai, Corinthians!
E não vai, Neymar
Fica porque, nesta onda de ir embora para Real Madrid ou Barcelona (ou Bayern!), eles não querem você lá. Preferem esmagadoramente o Gareth Bale, destaque do inglês Tottenham, segundo pesquisa do espanhol "As" com torcedores.
Isso tem mais a ver com o torneio que disputam por lá do que com os jogadores em si. Em um campeonato em que um treinador se aposenta depois de 27 anos no time, que o Rooney precisa virar volante para não se tornar obsoleto e perder o lugar na equipe, em que todo o dinheiro do Manchester City não garante a vitória sobre o Wigan, nessa liga, Bale foi o melhor jogador. Veem mais valor nele.
Agora que a Copa está aí, é melhor Neymar ficar.
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