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Escreve às sextas.
Livro traz a perspectiva dos catadores de material reciclável no Brasil
Perspectivas das catadoras e dos catadores de material reciclável sobre a atividade, dificuldades e avanços na participação social são o destaque de uma coletânea de artigos que o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) lançou nesta semana.
O livro é síntese e memória de um encontro nacional realizado em agosto de 2014 com o tema "Conhecimento e Tecnologia: Inclusão Socioeconômica de Catadores(as) de Materiais Recicláveis", que reuniu trabalhadores da reciclagem, estudiosos e especialistas no assunto.
São 23 artigos. Em sua primeira parte, os textos tematizam a identidade dos catadores como trabalhadores, questões de gênero e relacionadas à divisão sexual do trabalho. Na segunda parte, são discutidas cooperativas, movimentos de catadores e sistemas produtivos. Na terceira parte, há artigos sobre processos de reciclagem do ponto de vista logístico, histórico e tecnológico.
Não há precisão no número de trabalhadores que realizam a catação de reciclagem no Brasil. O Censo de 2010 apontava 400 mil pessoas envolvidas na atividade. O próprio Ipea estimou no mesmo ano um contingente de 400 mil a 600 mil pessoas. A estimativa do MNCR (Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis) é de 800 mil trabalhadores.
MESA REDONDA
"O livro funciona como uma mesa redonda entre consumidores, catadores, empresários, gestores, acadêmicos e especialistas na tecnologia da reciclagem", diz Fernanda Góes, que organizou o volume junto com Bruna Pereira. "O objetivo foi trazer as diversas narrativas que compõem as questões relacionadas à reciclagem no Brasil", diz.
Há vários estudos de caso sobre gestão participativa nas cooperativas, educação ambiental, saúde e iniciativas regionais ou de abrangência nacional.
Em "Logística solidária para inclusão social e produtiva de catadores e catadoras", por exemplo, são mostrados resultados do programa Cataforte II. O Cataforte é um programa federal voltado à estruturação de redes de cooperativas e associações para capacitação de coleta seletiva para prefeituras, participação no mercado de logística reversa, comercialização e beneficiamento de produtos recicláveis.
A reciclagem de vidros do Cavi (Centro de Artes em Vidros) de Campina Grande, na Paraíba, feita só por mulheres, é tema de um dos artigos. Os autores Megan F. King, Jutta Gutberlet e Douglas Moreira da Silva estudam a contribuição da atividade das cooperativas de reciclagem para a redução de emissão de gases de efeito estufa em outro artigo.
O livro pode ser baixado no site do Ipea http://www.ipea.gov.br/.
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