Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
Escreve às quintas.
Sem controle sobre contas e servidores, Pezão fica sitiado
RIO DE JANEIRO - O governo fluminense está sitiado. O símbolo mais visível disso foi o segundo cerco dos servidores à Assembleia Legislativa do Estado, nesta quarta (16). Tentavam evitar a votação do pacote de medidas de austeridade que afeta diretamente o funcionalismo.
Na semana passada, os manifestantes chegaram a invadir a Alerj. Nesta, o governo se precaveu e cercou o Palácio Tiradentes com grades. Em resposta, os servidores primeiro debocharam do aparato, que dava ao edifício o semblante de uma prisão. "O dia em que o povo do Rio de Janeiro prendeu os deputados", dizia um cartaz.
Depois, tentaram invadir à força, novamente capitaneados por policiais e bombeiros. Havia inclusive gente com faixa pedindo "intervenção militar já" — numa preocupante coincidência (se é que se tratou disso) com o que se passou na Câmara, em Brasília, nesta mesma quarta.
O segundo cerco ao Legislativo estadual foi, no entanto, apenas o mais recente indício de que a administração de Luiz Fernando Pezão está sitiada. O governador não tem mais controle sobre seu orçamento. A Justiça vem fazendo bloqueios sistemáticos para garantir o pagamento do funcionalismo, que tem sido atrasado há meses.
Irritado com a situação, Pezão ameaçou pedir intervenção federal no Estado — e poucas coisas podem ser mais sinalizadoras do fracasso de uma administração do que isso. Os peemedebistas que governam o Rio há uma década perderam também o comando da economia local. Oficializaram isso ao decretar o estado de calamidade financeira.
Perder o controle sobre os servidores muda a crise de nível. A ponto de o governo federal enviar a Força Nacional para "auxiliar na preservação da ordem pública". A história recente serve de alerta a Pezão: por muito menos, sua amiga Dilma Rousseff perdeu o cargo.
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