Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
Escreve às quintas.
Ajuda federal estanca sangria fiscal do Rio, mas não cura os males do Estado
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Rodrigo Maia chora ao homologar o acordo de recuperação fiscal do Estado do Rio com a União |
RIO DE JANEIRO - Numa cena mais patética do que emocionante, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, chorou abundantemente ao ratificar, na terça (5), a entrada do Rio no regime de recuperação fiscal proposto pelo governo federal.
"É uma emoção muito grande poder participar desse momento", disse Maia, que ocupava a Presidência da República interinamente. "Para qualquer presidente, assinar esse acordo é um momento de orgulho." É difícil concordar com o deputado nesse ponto. Seria mais adequada uma sensação de alívio.
Com a ajuda federal, o Estado suspenderá por três anos o pagamento de sua dívida com a União (num total de R$ 29 bilhões) e poderá tomar R$ 11 bilhões em empréstimos com bancos privados. Com isso, espera-se que consiga regularizar o pagamento dos servidores, atrasado há mais de um ano. Quanto mais vai conseguir fazer, é incerto.
O governador Pezão, um dos responsáveis por levar o Rio ao estado de calamidade atual, foi mais sóbrio em sua avaliação ("Eu sei que é um momento em que a gente celebra dureza e não fartura"). Ele tem ciência de que o resgate federal terá efeito de curto prazo e um custo alto em termos dos ajustes que terão de ser feitos.
Ainda que a ajuda federal fosse mesmo o "único caminho" para que o Rio tirasse a cabeça de dentro da água, Maia e o governo federal não são salva-vidas resgatando uma vítima indefesa. São mais como os donos do Titanic emprestando um bote para aqueles que estavam a seu lado conduzindo o navio rumo ao iceberg.
De resto, essa é a segunda vez em menos de dois meses que o Planalto posa de salvador do Rio —a primeira foi no anúncio de que as tropas federais ajudariam na questão da segurança pública. Como se viu ali, havia muita propaganda e pouco efeito prático. Quem é capaz de garantir que o atual auxílio será mais eficaz?
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