Foi repórter e editora-adjunta de "Esporte". Cobriu a Olimpíada de Pequim-2008 e de Londres-2012, os Jogos Pan-Americanos do Rio-2007 e Guadalajara-2011.
Sobrinho de Javier Sotomayor luta por medalha para o Azerbaijão
Jae C. Hong/Associated Press | ||
Lorenzo Sotomayor durante luta nos Jogos do Rio |
O sobrenome é conhecido: Sotomayor. Javier, o saltador, é uma das lendas do esporte mundial, campeão olímpico em Barcelona-1992 e dono de quatro títulos mundiais.
Mas o membro da família que disputa dos Jogos do Rio escolheu usar as mãos, e não os pés, para buscar escrever também seu nome na história.
Lorenzo, 31. é boxeador e vai disputar a semifinal da categoria até 64 kg. Já tem uma medalha de bronze assegurada.
A bandeira que aparece ao lado do seu nome, porém, não é a mesma de Cuba que adornava o tio. Lorenzo defende o Azerbaijão.
Ele saiu do país natal em 2013, após a proposta de um treinador azerbaijano. Diz que escolheu se mudar porque era muito difícil conseguir vaga na seleção cubana.
Lorenzo idolatra Muhammad Ali e repete a dança do norte-americano em suas lutas. Sabe que é também uma forma de provocar o oponente.
Ele nasceu em um bairro de Havana onde brigas eram comuns. Achou que tinha de saber se defender e começou a lutar boxe.
A debandada de Cuba aconteceu, diz, também motivada pelo coração. Conheceu uma russa, que morava no Azerbaijão, e foi atrás da nova paixão.
Lorenzo acredita que, se estivesse morando em Cuba, não estaria nos Jogos e não teria como sustentar os dois filhos. Reclama dos baixos salários e dos problemas no país natal. "Eu Cuba, você pode ter o melhor intelecto, mas não tem dinheiro."
Todas essas declarações foram dadas ao site oficial da Rio-2016 Após a luta de quartas de final, nesta terça (16), Lorenzo passou literalmente correndo pela área de entrevistas. A comissão técnica do Azerbaijão também não falou.
Segundo jornalistas cubanos que estavam por ali, ele não tem falado. A saída de Cuba não parece ser uma questão bem resolvida.
A ida de atletas para fora é um ponto sensível do esporte cubano. A ilha costuma ter ótimos programas de formação de atletas, mas enfrenta dificuldades para segurar muitos deles, que querem se tornar profissionais ou simplesmente buscam melhores condições financeiras.
Não são incomuns deserções de atletas em viagens ao exterior. No Pan de 2007, no Rio, dois boxeadores decidiram não retornar para Cuba.
Na preparação para a Rio-2016, cinco atletas do polo feminino desertaram em uma viagem para o México, e o time desistiu do pré-olímpico. No Pan de Toronto, em 2015, pelo menos quatro remadores não voltaram para casa.
Até agora, Cuba conquistou oito medalhas na Rio-2016 (dois ouros, duas pratas e quatro bronzes), só três a menos que o Brasil até terça.
Um cubano de sobrenome "nobre" já aumentou essa lista, mas a conquista dele vai adornar outro quadro de medalhas.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade