Trabalhou na "Tribuna da Imprensa", em "O Globo" e "O Estado de S. Paulo" antes de ingressar na Folha, em 1991. Passou pelo agora extinto "Folhateen", foi colunista de "Esporte", repórter especial e ombudsman por um ano.
A história de Natasha
A Folha não deu muita pelota para a reportagem, excluindo-a da primeira página, mas na terça-feira teve um momento de jornalismo supimpa: revelou uma maldade contra uma criança, contou uma história comovente e abriu caminho para melhorar a vida de quem carece de ajuda.
A repórter Afra Balazina mostrou que a empregada doméstica Martinha deixou de trabalhar durante as manhãs para acompanhar a filha Natasha na escola em São Paulo.
Com paralisia cerebral, a menina de nove anos precisa de auxílio para subir 13 degraus, na hora do lanche e na de ir ao banheiro. A doença não afeta a capacidade intelectual, mas a motora, da boa aluna. O colégio público não tem professor ou funcionário para socorrer Natasha. Nem rampa para a cadeira de rodas. Em vez de instalar a classe no térreo, deixou-a no andar de cima, aonde se chega de escada.
A mãe não pode pagar alguém para estar com a filha. Assume, ela mesma, o dever do Estado: assegurar condições de estudo. "Faço tudo o que posso para melhorar a vida dela", disse Martinha.
O caso da mãe amorosa, além de molhar com lágrimas o papel do jornal, expõe como a administração pública, em todos os níveis, tantas vezes (mal)trata a infância.
E como burocratas são incapazes de solucionar problemas simples -a transferência da turma para o piso inferior acabaria com parte deles.
Conforme escrevi na crítica diária, "a presença de Natasha em uma escola regular é um presente às outras crianças. Como disse um médico, elas têm a chance de conviver com quem é diferente".
Ainda na terça, por ordem da Secretaria Estadual da Educação, a escola passou a turma de Natasha para o térreo. Prometeu-se uma equipe para atender a menina. O jornal fará bem se monitorar o cumprimento da promessa.
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