painel das letras
por Maurício Meireles
Maurício Meireles é jornalista especializado na cobertura de literatura, mercado editorial e políticas de livro e leitura. Escreve aos sábados.
Preço do livro continuará a subir em 2017, diz editor
Leo Pinheiro - 27.jul.16/Valor/Folhapress | ||
O editor Marcos Pereira |
Sócio do Grupo Sextante e atual presidente do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores), Marcos Pereira espera que o furacão de 2016 tenha passado e o mercado do livro pelo menos pare de cair. Nas próximas semanas, o SNEL deve divulgar os números consolidados do ano passado. O editor conversou com a coluna e fez algumas previsões para o ano que se inicia.
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Nas próximas semanas, vocês terão um balanço de como foi 2016. O que esperar?
Minha previsão é de uma queda nominal de 2,2%, ou 9% em termos reais. Mais um ano de queda, sem dúvida -mas bom lembrar que o ano de comparação é 2015, em que tivemos os livros de colorir.
Mas há algum motivo para otimismo?
Minha expectativa é que, em termos reais, o mercado pelo menos pare de cair.
Por que isso aconteceria?
O movimento de aumento do preço deve continuar, ainda que não tão forte quanto em 2016. Chegamos a um ponto em que editores e livrarias não podiam sustentar o preço no mesmo patamar. Houve um aumento de 9% na média. Há uma defasagem de 40% acumulada, mas que não pode mais ser recuperada.
O ano passado teve muitas demissões. Alguma chance de as editoras voltarem a contratar?
O movimento de diminuição de quadros não vai ser revertido. Em 2015, houve uma pequena diminuição no número de lançamentos. O relatório de 2016 deve mostrar uma nova queda, de 8% na minha estimativa. As editoras tiveram que diminuir as apostas por uma questão de caixa -e isso afeta tradutores, revisores, capistas.
O que se vai ler em 2017?
Os livros para jovens continuam muito fortes. Mas também deve continuar essa junção de mídias: o livro que vira filme, o blog que vira livro.
Os youtubers continuarão em alta?
Acho que vai diminuir, não vejo muita coisa nova. É evidente que o novo livro da Kéfera vendeu bem, mas é um movimento natural [que o segundo livro venda menos].
A queda nas compras de livros pelo governo assombrou editoras. Agora, com o teto de gastos, há chance de isso não voltar. Os editores apoiam a PEC?
O movimento de controle de gastos é necessário. A estabilidade da moeda, da inflação -tudo isso é mais importante, de certa maneira, do que o governo comprar ou não livro. É isso que faz a sociedade prosperar. E uma sociedade próspera consome mais livros. De todo modo, o orçamento investido na compra de livros era muito pequeno em relação ao orçamento total do MEC.
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