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maurício stycer

 

02/09/2012 - 03h00

Reality show, você ainda verá um

Depois de 94 dias, encerrou-se nesta quarta-feira (29/8) "A Fazenda 5". Apesar de a audiência média ter sido um pouco inferior à da edição anterior, o reality show rendeu à Record alguns de seus melhores índices no ano.

A dançarina Viviane Araujo, ex-namorada do cantor de pagode Belo, foi coroada campeã, com 84% dos votos do público, superando na final, com facilidade, o ator Felipe Folgosi e o drag queen Léo Áquila.

Por três meses, mais uma vez, me sentei diante da TV para acompanhar as peripécias de um grupo formado por 16 subcelebridades, dispostas a expor a própria intimidade sem dó nem piedade.

Os participantes dormem num mesmo quarto, fazem a própria comida e cuidam dos animais. Submetidos a uma rotina tediosa, salpicada de jogos e disputas escolares, são filmados 24 horas por dia, inclusive quando dormem e tomam banho.

O objetivo maior é o prêmio final, de R$ 2 milhões, mas todos os participantes miram mais longe com a exposição. Sonham alavancar suas carreiras, receber convites para novos trabalhos, além de faturar alguns dos prêmios disputados durante o confinamento.

O público vota semanalmente em dois candidatos indicados pelo próprio grupo, até chegar à decisão final. O modelo é quase idêntico ao mais famoso reality show exibido no Brasil, o "Big Brother", com a diferença que no programa da Globo os participantes são figuras anônimas, com fama zero.

Tanto na "Fazenda" quanto no "BBB" os candidatos precisam ser hábeis para evitar ao máximo a indicação a estes "paredões" semanais e populares o suficiente para sobreviver ao voto do público, que escolhe quem deve ficar.

Não é possível, a esta altura do campeonato, ver "A Fazenda" ou o "BBB" como sintomas de uma degradação maior da televisão. São programas destinados exclusivamente ao entretenimento, tão rasos quanto muitos outros, com o fascínio adicional de permitir que o público avalie, o tempo todo, os participantes.

Como é possível julgar o comportamento de pessoas dispostas a expor a própria intimidade em troca da possibilidade de faturar uma bolada? Pelas manifestações que vejo de leitores e nas redes sociais, muita gente ainda mede os candidatos de reality show em matéria de "sinceridade", "honestidade" ou "caráter".

Não é o que me interessa. O que mais me diverte nestes programas são as confusões que a "luta pela sobrevivência" produz. Gosto de ver as brigas, as traições, as gafes, as burradas e os desastres em matéria de convívio social que o confinamento revela.

Há algo de fascinante, para não dizer diabólico, no interesse que este tipo de programa desperta. E não estou falando apenas das emissoras de TV aberta --todas, hoje, com atrações do gênero "reality show" em suas grades.

Num ambiente supostamente destinado a um público mais qualificado, o da TV paga, a programação hoje está dominada por programas em que o público é convidado a compartilhar da intimidade alheia ou decidir o destino de candidatos a prêmios variados.

Da gastronomia à forma física, do turismo à moda, da intimidade de celebridades à de anônimos, tudo vira reality show. Se você não consegue desligar a televisão, meu conselho é: divirta-se.

maurício stycer

Maurício Stycer é jornalista, repórter e crítico do portal UOL, autor de 'História do Lance!' (Alameda Editora). Escreve aos domingos.

 

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