Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Calçadistas perderam US$ 260 mi na Argentina
O setor calçadista brasileiro perdeu cerca de US$ 260 milhões em exportações para a Argentina desde 2012, quando o país vizinho dificultou a entrada dos produtos, segundo dados da Abicalçados (entidade do setor).
Por meio das DJAIs (Declaração Jurada Antecipada de Importação), o governo da presidente Cristina Kirchner criava barreiras burocráticas para conter a entrada de mercadorias de fora.
Com a posse do oposicionista Mauricio Macri, o novo ministro da Produção, Francisco Cabrera, anunciou a retirada da obrigatoriedade das declarações até o dia 31 deste mês, o que foi recebido com entusiasmo pelos brasileiros.
"As mercadorias ficavam até 240 dias a espera de liberação, algumas empresas simplesmente desistiam de vender para lá", diz Heitor Klein, presidente da Abicalçados.
"Para o setor de moda era uma situação difícil. Muitas vezes, o lojista de lá não comprava, por não acreditar que iria receber a encomenda", afirma Rafael Schefer, executivo e filho do fundador da calçadista West Coast.
Os argentinos respondem atualmente por cerca de 25% das exportações do grupo Priority, que também reúne a marca Cravo & Canela e espera uma melhora significativa nas vendas aos vizinhos.
A abertura que favorece os brasileiros, no entanto, não deverá ser percebida já nos próximos meses, na visão da Abicalçados, pois a desvalorização do peso argentino enfraquece o poder de compra dos importadores.
O comércio de calçados do Brasil à Argentina deverá atingir US$ 90 milhões até o fim deste ano, após fechar 2014 em US$ 81,7 milhões. Em 2011, antes da criação da barreira, as vendas ficaram próximas a US$ 200 milhões.
PASSO LENTO - Vendas de calçados para a Argentina (em milhões de US$)
*
Saldo de vagas em MPEs piora, mas ainda é positivo no ano
As micro e pequenas empresas contrataram 56.240 pessoas a mais do que demitiram entre janeiro e novembro deste ano, aponta uma pesquisa do Sebrae Nacional.
O saldo positivo contrasta com o número geral da economia, que perdeu 945 mil empregos no período.
As contratações entre as empresas de micro e pequeno portes, porém, tiveram uma piora nos últimos meses de 2015: em novembro, 20,2 mil postos foram fechadas.
"Nos últimos quatro anos, o segmento foi responsável por 94% das vagas criadas. Ainda tinha um saldo positivo até o fim deste ano. Mas os últimos três meses começaram a indicar queda", afirma o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.
No mesmo período do ano passado, os pequenos negócios haviam gerado mais de um milhão de vagas.
A falta de crédito para as empresas pode piorar ainda mais a situação dos contratados. A solução, para Afif, é diminuir o compulsório dos bancos (dinheiro que fica retido junto ao Banco Central).
Nas estimativas do Sebrae, uma redução de 20% liberaria R$ 40 bilhões.
"Quando é oferecido, o capital atual é caro, está em 4,5% a 5% [ao mês]. Com [a liberação do] compulsório, pode-se emprestar a 1,5%."
NARIZ PARA FORA - Saldo de vagas nas pequenas empresas ainda é positivo
*
No bolso da empresa
Buenos Aires é a única cidade da América Latina que está entre as 30 mais caras do mundo para expatriados viverem em 2015. A capital ficou na 21ª posição no ranking elaborado pela ECA International, consultoria especializada em expatriação.
No ano passado, a cidade estava em 121º lugar. O avanço de cem colocações decorreu da alta do peso, que diminuiu o poder de compra dos que recebem em dólar.
A moeda argentina foi mantida, em 2015, artificialmente elevada pelo governo Kirchner para controlar a inflação. Mauricio Macri, o novo presidente, já permitiu a desvalorização, o que deverá fazer com que a posição da capital mude em 2016.
Quatro cidades suíças (Zurique, Genebra, Berna e Basileia) ficaram no topo da lista, em que não apareceram brasileiras. Nenhuma localidade da Venezuela foi analisada devido à instabilidade econômica do país.
TRABALHO NO EXTERIOR - Cidades mais caras para expatriados em 2015
*
Hora do café
com LUCIANA DYNIEWICZ, FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e CLÁUDIO GOLDBERG RABIN
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade