Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Atacadista e distribuidor devem fechar 2015 com manutenção de faturamento
De olho na contenção de gastos, as empresas de atacado e distribuição conseguiram fechar o ano passado sem perdas reais, segundo estimativas da Abad (associação que representa o segmento).
O faturamento do setor cresceu, em termos nominais (descontando a inflação), 0,44% no acumulado de 2015 até dezembro em comparação a igual período de 2014.
Mesmo tímido, o resultado é satisfatório, na visão de José do Egito Frota Lopes Filho, presidente da entidade, "tendo em vista o enorme desafio enfrentado pelos empresários do segmento durante o ano".
"Como os supermercados, os atacadistas tendem a ser os últimos a sentir a crise de demanda e se recuperam antes dos demais. Criamos embalagens que atendessem às novas demandas do cliente, conseguimos levar promoções e manter negócios."
Lopes Filho, que também é dono da companhia de distribuição Jotujé, sediada no Ceará, lembra que o esforço de enxugamento de gastos na sua empresa foi anterior ao ano passado, já antevendo um 2015 difícil para negócios.
"Na empresa, a gente diminuiu o nosso negócio para focar em fornecedores que pudessem atender melhor aos clientes." A reestruturação os levou a uma queda de 18% no faturamento.
"A gente preferiu diminuir o faturamento, mas a rentabilidade melhorou." A redução de tamanho foi acompanhada por um corte de funcionários. O setor é responsável atualmente pela geração de 353,4 mil empregos diretos.
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Remédio para a crise
O Hospital das Clínicas da FMUSP e a GE Healthcare fecharam uma parceria inédita por cinco anos.
Com o investimento da empresa de cerca de R$ 20 milhões, o Instituto de Radiologia do HC fará nove pesquisas sobre doenças como esclerose múltipla, câncer e Alzheimer.
"Essa parceria traz recursos novos a hospitais de ensino e possibilita que façamos pesquisa mesmo em um momento difícil da economia", diz Giovanni Guido Cerri, presidente do conselho diretor do instituto.
As pesquisas começam neste ano. Uma delas, por exemplo, vai avaliar em jogadores de futebol o resultado de traumas de repetição no cérebro e a sua consequência para doenças neurodegenerativas.
"Há cerca de quatro anos queremos fazer parcerias no Brasil", diz Daurio Speranzini Jr., presidente e CEO da GE Healthcare para a América Latina.
A empresa avalia ainda um outro acordo com o HC "para desenvolver softwares que melhorem a produtividade em hospitais e a qualidade dos procedimentos".
Fabio Braga/Folhapress | ||
Daurio Speranzini Jr. e Giovanni Guido Cerri |
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Não vale tudo por dinheiro
Os riscos provocados por desvios de conduta são uma crescente preocupação para os conselhos administrativos de 89% de grandes bancos mundiais ouvidos pela consultoria EY em 2015.
"Antes, o foco era controlar os riscos de mercado. Agora, são os riscos não financeiros", diz Xavier Madrid, sócio da consultoria, que analisou 51 bancos em 29 países.
Para 57% deles, a ameaça provocada pelo descumprimento de leis também apareceu como um ponto central.
No Brasil, a mudança de cultura das instituições está em processo, diz Madrid.
"Começa a haver mais cuidado com questões como a lavagem de dinheiro, que traz um impacto grande à reputação, e também com a proteção ao consumidor, para que não haja abusos."
Para 94% dos bancos ouvidos, os funcionários que lidam diretamente com clientes devem ser mais responsabilizados por sua conduta.
"Não dá mais para a pessoa que está na linha de frente pensar só nos resultados financeiros como antes."
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Para diminuir os gastos, conta de telefone passa a ser esmiuçada
Com a recessão, aumentou a busca pelo serviço de consultorias especializadas em analisar e reduzir contas de telefonia das empresas.
A Navita, uma das consultorias, fechou o ano de 2015 com 60% de clientes a mais do que no ano anterior. Na Soluta, que também atua no mercado, o crescimento foi de cerca de 70%.
"Quem não controlava gastos com telefonia começou a ter essa preocupação", afirma Roberto Dariva, diretor-executivo da Navita.
A maneira mais comum de cortar gastos com telefonia é auditar as faturas.
"É comum que as operadoras renegociem tarifas, mas demorem para atualizar e cobrem o valor antigo. Pode-se contestar a conta e eles creditam na fatura seguinte."
Outro gasto sob a mira das consultorias é um erro das empresas: muitas delas demitem funcionários que tinham aparelhos, mas se esquecem de cancelar as linhas.
Os empregados que usam os telefones e celulares de seus empregadores de forma abusiva são outra fonte de possíveis cortes, diz Mauro Giaimo, sócio da Soluta.
"Pedimos para os usuários identificarem os destinos das ligações deles, e eles respondem se é um parceiro comercial ou potencial cliente. Se os funcionários sabem que tem controle, vão se policiar."
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Hora do Café
Lézio Júnior | ||
hora do cafe charge |
com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS, TAÍS HIRATA
Livraria da Folha
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