Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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Privatização do governo atrai forte interesse estrangeiro
Ricardo Borges/Folhapress | ||
Casa da Moeda é um dos ativos que atraíram interesse, apontam consultores |
O pacote de 57 privatizações que o presidente Michel Temer anunciou na quinta (23) aumentou o número de consultas às empresas especializadas em apoiar investidores que buscam fazer aquisições de grande porte.
"Nos dois primeiros dias, nos contataram com muita intensidade", diz Marcelo Gomes, diretor-gerente da Alvarez & Marsal no Brasil.
A quantidade de requerimentos de clientes foi equivalente à que se observa em um período de dois meses —que, nos últimos tempos, melhorou, afirma ele.
"A maioria são fundos internacionais que enxergam o país com bons olhos, porque entendem que a tendência de mercado vai mudar e que, agora, os ativos estão com valores interessantes."
Na KPMG, as conversas, até agora, foram com os investidores que já têm uma relação com a consultoria, afirma Maurício Endo, sócio de infraestrutura no Brasil.
"Eles se mostraram muito interessados, porque alguns ativos a serem privatizados são importantes, como Congonhas e a Casa da Moeda."
O questionamento que os consultores dizem ter mais ouvido é sobre o prazo: se haverá tempo para que essas vendas aconteçam no ano que vem, que tem eleições.
"O mercado local está acostumado a atuar com essa agilidade, mas o internacional, não", diz Gustavo Gusmão, diretor executivo da EY.
A empresa trabalha com a possibilidade de a maioria dos editais ser de procedimentos de manifestação de interesse, em que o governo recebe projetos e escolhe um.
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A valor presente
Os contratos para antecipar as restituições do Imposto de Renda aumentaram neste ano em alguns dos maiores bancos do país.
No Itaú, a alta no volume contratado foi de 16% e, no Bradesco, de 28%.
O Banco do Brasil não informou a evolução de um ano para o outro, apenas o volume de 2017: R$ 408 milhões.
Outras instituições foram procuradas, mas não revelaram dados das operações.
Para os bancos, essa linha, cujo pagamento cai na conta do correntista, é uma forma de liberar balanço, afirma Diana Benfatti, sócia da consultoria Attimo Finanças.
"Os emprestadores estão mais criteriosos com outros empréstimos e as pessoas olharam para alternativas menos óbvias que cheque especial ou cartão de crédito."
"Esse é um tipo de oferta de dinheiro mais barato ligado ao consumo, mas não chega a ter a mesma condição que o consignado, que se sabe quando será pago", diz Roy Martelanc professor da FIA.
ANTECIPAÇÃO DA RESTITUIÇÃO - Variação em outras linhas, em %
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Um novo sinal
Pela primeira vez em 30 meses houve alta no volume de vendas do comércio do Estado de São Paulo, aponta a ACSP (associação comercial).
A quantidade de itens comprados no primeiro semestre de 2017 é levemente maior que no ano passado: 0,3%.
"Já havia indícios de recuperação, mas é um primeiro dado com sinal positivo", afirma Marcel Solimeo, economista da instituição.
Há variações entre os diferentes segmentos do comércio, no entanto.
As lojas de departamentos e eletrodomésticos, por exemplo, venderam 12,6% itens a mais neste ano que em 2016 —foi o melhor desempenho entre os varejistas. "Estavam com quedas muito grandes no ano passado", diz Solimeo.
Os vendedores de roupas e tecidos, com queda de 4,4% na quantidade de peças negociadas neste ano, estão na outra ponta deste ranking.
REVERSÃO DE SINAL - Volume de vendas tem primeira alta em 30 meses no Estado de SP
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Melhora abstrata
Cerca de 42% dos empresários projetam um mês de setembro bom ou muito bom para os negócios. Em julho, o índice era de 23%, segundo a Abramat (entidade do setor).
Apesar da melhora, outros indicadores pioraram. O uso da capacidade instalada caiu de 71%, em julho, para 69% em agosto, afirma o presidente, Walter Cover.
"Há um princípio de otimismo. Como o segundo semestre de 2016 foi muito ruim, a tendência é que haja uma melhora, mas terminaremos o ano com uma retração de 5%."
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Põe na... Mais da metade (54%) das fabricantes de eletroeletrônicos tiveram melhora nas vendas em julho. O percentual é o maior desde fevereiro de 2014, segundo a Abinee, associação do setor.
...tomada As empresas, porém, estão menos otimistas que no início deste ano. Em janeiro, 9% delas projetava queda em relação a 2016. Em julho, a taxa era de 23%.
Hermanos A SP Negócios, que acaba de firmar um acordo de cooperação com a Invest Buenos Aires, planeja buscar parcerias semelhantes com Colômbia, Chile e Peru.
Acordo... A CNI (confederação da indústria) quer atualizar o acordo com o Japão para evitar dupla tributação. O documento foi firmado em 1967 e não inclui operações de compra de tecnologia.
...em dia O governo brasileiro também quer ampliar os aportes japoneses no país. Os temas serão discutidos em reuniões, nesta semana, com representantes dos dois países.
Promoção Neste ano, foram promovidos 10,7% dos funcionários das 150 empresas avaliadas como as melhores para se trabalhar no país. Em 2015, a taxa era de 14,5%, aponta a Great Place to Work.
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Hora do café
com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI
Livraria da Folha
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