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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Sem Previdência, Temer acenará com privatização da Eletrobras em Davos

Crédito: Bruno Santos/Folhapress O presidente do Brasil Michel Temer, em seu escritório no bairro do Itaim, em São Paulo
Michel Temer

Com a assinatura do projeto de lei que privatiza a Eletrobras na sexta (19), o presidente Michel Temer passa a ter o que levar na bagagem para Davos.

Sem reforma da Previdência aprovada e com o rating rebaixado do Brasil, faltava a Temer uma novidade positiva e de peso para apresentar no Fórum Econômico Mundial, que se realiza a partir de terça-feira (23), na Suíça.

Em sua aparição de apenas um dia, quarta (24), o presidente enfatizará que a privatização da Eletrobras será uma das maiores operações do gênero no mundo, de cerca de R$ 12 bilhões, que evitará tirar R$ 10 bilhões do caixa para alocar na companhia.

Com essa sinalização, a apontar para a preocupação com o equilíbrio fiscal e uma imagem palatável do país para os mercados, Temer vai tentar mostrar esforços para colocar economia nos trilhos.

Se desestatizada, a Eletrobras vai virar uma corporação, em que nenhum sócio terá mais de 10%. Apesar de manter uma golden share, o governo não poderá usar a companhia politicamente como em gestões passadas.

Na Petrobras, também há o que realçar, além da recuperação da empresa e de mudanças no setor. Se acertar a questão da cessão onerosa e fizer leilão de campus na Bahia, poderá levantar US$ 30 bilhões, segundo bancos.

Em sua estreia no Fórum, Temer tem uma lista de pedidos de cerca de 15 presidentes e CEOs de bancos e empresas internacionais, entre elas a Shell e a multinacional brasileira AB Inbev.

Só cinco ou seis deverão ser atendidas nas duas horas de que o presidente disporá para esses encontros.

Outras mudanças... Em cerca de dez dias, o Ministério de Minas e Energia, espera apresentar ao Congresso um projeto de lei com um novo marco legal para o setor elétrico do país.

...energéticas O MME fez duas consultas públicas sobre o tema. O projeto deve reduzir o papel do governo, alterar o modelo de dinheiro subsidiado para o setor e uso de estatais, além de abrir o mercado.

Back to the game André Esteves, do BTG, é um dos banqueiros e empresários com quem o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) se reunirá em Davos. Estará com o sócio Huw Jenkins, de Londres.

Pão Brasil

A exportação brasileira de pães, massas, biscoitos e bolos industrializados cresceu 50% em volume no ano passado, segundo a Abimapi (que representa o setor).

A indústria nacional embarcou aproximadamente US$ 117 milhões (R$ 374 milhões no câmbio atual), um incremento de 29%.

Contribuiu para o resultado de 2017 a retomada das importações de países que praticamente não compraram no ano anterior.

"Angola e Venezuela, por exemplo, estavam fora do mercado e contribuíram fortemente com os números", diz Claudio Zanão, presidente da associação.

A M. Dias Branco registrou um aumento principalmente em categorias mais caras, como biscoitos e torradas. Até setembro, a alta foi de 26%, diz César Reis, diretor de exportação da companhia.

Busca por interessados

O diretor-executivo da Agência Nacional do Petróleo, Décio Oddone, passará a semana em reuniões com bancos e empresas do setor em Calgary, no Canadá, e Nova York, para buscar investidores para leilões do segmento.

Estão previstos para 2018 a 15ª rodada de licitações de blocos do regime de concessão, em março, e a quarta rodada do pré-sal, em junho. Há ainda a possibilidade de leiloar o excedente da cessão onerosa.

"Isso representa 20 bilhões de barris. A ideia é ter também pequenas e médias empresas para criar um mercado dinâmico no país", diz Oddone.

Turismo vidente

O grupo Flytour vai investir R$ 42 milhões em 2018. A maior parte do montante será destinada à implantação de um novo sistema de gestão em suas empresas e de aplicativos móveis para as suas agências clientes.

O aporte da companhia em tecnologia será de R$ 32 milhões. O objetivo é centralizar os dados de suas onze unidades de negócio, que vão desde o segmento de viagens corporativas até o de organização de eventos.

"Migramos nossos servidores para a nuvem", diz Christiano Oliveira, presidente.

"Adotamos ferramentas que nos permitem entender o cliente. Podemos oferecer um ingresso para um show que ele goste e não sabia que aconteceria durante sua viagem", afirma Fernando Campos, diretor de tecnologia.

O valor restante será aplicado em cursos para seus funcionários e clientes.

R$ 5,7 bilhões
foi o faturamento em 2017

2.000
é o número de funcionários

O que estou lendo

Crédito: Divulgação Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco

Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco

Previsão e memória, capacidades essenciais para a atividade de um economista, são temas das leituras de Fernando Honorato, que chefia o departamento de estudos econômicos do Bradesco.

"Moonwalking with Einstein", editado no Brasil como "A Arte e a Ciência de Memorizar Tudo", de Joshua Foer, trata da evolução da relação das pessoas com a retenção de informações.

"Foer narra de forma interessante como é possível treinar nossa memória para armazenarmos tudo o que quisermos", afirma.

"Superforecasting", por sua vez, explora a habilidade preditiva de pessoas.

"A capacidade preditiva de não experts em suas áreas de atuação pode ser muito mais acurada que a de alguém dedicado a um tema", de acordo com Honorato.

"As técnicas exploradas no livro são bastante úteis para o processo decisório sob incerteza, que é típico em muitas profissões e, particularmente, na 'arte' da ciência econômica", diz.

com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS.

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