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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Inmetro quer aumentar fiscalização e quintuplicar receita como agência

Faturamento anual poderá chegar R$ 4 bilhões com transformação do instituto em órgão regulador

Maria Cristina Frias
São Paulo

Fachada de estabelecimento comercial interditado após fiscalização na praça da Sé, em São Paulo, com uma placa com os dizeres "Atividade Interditada" colada à porta
Estabelecimento comercial interditado após fiscalização na praça da Sé, em São Paulo - Almeida Rocha/Folhapress

Com a transformação do Inmetro em uma agência reguladora, a entidade poderá aumentar a receita anual de cerca de R$ 800 milhões para até R$ 4 bilhões, diz o presidente, Carlos de Augusto Azevedo.

Foi aprovado em comissão especial na Câmara, na quarta-feira (11), um projeto de lei que modifica a estrutura de autarquias e, entre outros temas, muda a situação do instituto, hoje vinculado ao Ministério da Indústria e Comércio.

“Os órgãos estaduais que nos representam fazem 40% das fiscalizações que poderiam. Se tivermos estabilidade administrativa e financeira, em quatro anos atingiremos cerca de R$ 4 bilhões.”

O custo operacional também subirá. Se o Inmetro virar agência, será preciso equiparar salários com os de entidades como a Aneel. Pelos cálculos de Azevedo, o gasto anual sairia de R$ 600 milhões para R$ 650 milhões.

Vinculado ao ministério, o instituto repassa ao governo sua arrecadação e recebe orçamento da União.

A expectativa com a transformação é usar o dinheiro que cobra das empresas para financiar seus custos.

Uma das preocupações do setor comercial, que se submete às mensurações do Inmetro, é que as comissões que estabelecem as normas obedeçam à composição atual: representantes das empresas, da sociedade civil e do governo.

“Isso precisará estar previsto em regulamento, mas a ideia de agência é sempre dar poder a um colegiado”, diz Azevedo.

60 mil
empresas de produtos e serviços regulamentados foram fiscalizadas em 2017

1,79 milhão
de produtos irregulares foram retirados do mercado

1.500
é o número aproximado de funcionários do Inmetro

 

Setor farmacêutico cresce 10% no 1º semestre, mas rentabilidade cai

A receita das fabricantes de remédios subiu mais de 10% no primeiro semestre deste ano, de acordo com o Sindusfarma (sindicato do setor).

O faturamento foi impulsionado por um volume maior de vendas —uma alta de 7%—, diz Nelson Mussolini, presidente da entidade. Houve, porém, perda de rentabilidade, afirma.

“O dólar subiu acima de 16%, e nós importamos matéria-prima. O resultado operacional deverá ser prejudicado com o fim da desoneração da folha de pagamentos.”

Com a crise fiscal, a União tem feito pressão para que as empresas deem descontos, diz Alexandre França, diretor-executivo da Aspen Pharma.

“Reduzimos negociações com o setor público. Compradores privados compram mais e nós recebemos em 30 dias.”

O mercado de genéricos teve os números mais robustos.

O crescimento já vinha de outros períodos, lembra Carlos Aguiar, da Medley. “Nesse ano houve lançamentos de itens de preço médio mais alto, que fizeram o faturamento do mercado crescer além da venda de unidades.”

 

Hora de pisar no freio

A Easy, aplicativo de mobilidade urbana controlado pela espanhola Maxi Mobility, vai congelar a expansão de sua área de atendimento no país. 

Presente em 90 cidades brasileiras, o aplicativo teve crescimento de cerca de 40% no número de viagens realizadas por meio da plataforma no primeiro trimestre deste ano.

“Já estamos nos principais municípios e não faremos aportes em infraestrutura para expandir a cobertura. Agora, o objetivo é crescer o núcleo duro de clientes”, diz o CEO da operação brasileira, Bruno Mantecón.

A alta ocorre após decisão da empresa de desativar o serviço de carros particulares, em setembro de 2017.

“Faturamos mais do que gastamos atualmente e, por enquanto, não precisamos de novos aportes.”

Na área internacional, o app, que já teve escritórios em mais de 30 países, atua hoje em nove. “Não vamos aumentar esse número”, diz.

Raio-x
Easy

R$ 620 milhões
foi o último aporte recebido em janeiro pela Maxi Mobility, controladora da Easy e do Cabify (no câmbio atual)

200
é o número de funcionários

20%
foi o crescimento no número de corridas em maio, na comparação com o mesmo mês de 2017

 

Compra fresca

A operadora logística suíça Panalpina comprou a argentina Newport Cargo, especializada no transporte de frutas e peixes para a América do Norte.

A aquisição servirá para complementar a atuação da filial brasileira, segundo Marcelo Caio D’Arco, diretor-geral da multinacional no Brasil.

“Mercado de perecíveis é algo que trabalhamos pouco como Panalpina na Argentina e no Brasil. É um movimento que trará um ganho de volume significativo”, diz ele.

A compra também agilizará as exportações feitas hoje da Argentina para o mercado brasileiro, afirma. O valor da transação não é revelado.

“É mais um passo no processo dos últimos dois anos, em que tivemos compras na África e na Europa. Também estamos em discussão para adquirir um projeto aqui no país.”

24 mil toneladas
são exportadas por ano pela Newport Cargo

R$ 1,43 bilhão
foi o lucro bruto global aproximado da Panalpina no 1º tri. (no câmbio atual)

 

Jato O centro de arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá instituiu a figura do árbitro de emergência, para decisões semelhantes às liminares que a Justiça concede.

De volta... A Chiesi, multinacional farmacêutica italiana,vai voltar a lançar um medicamento no Brasil após três anos, segundo Rodrigo Lorca, novo presidente da empresa no Brasil. Será um produto para doenças respiratórias.

...à ativa O grupo possui 53 novos projetos em desenvolvimento globalmente. Outros dois medicamentos estão sob análise da Anvisa (vigilância sanitária), mas a previsão é que comecem a ser comercializados em 2020.

 

com Felipe Gutierrez (interino), Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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