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michael kepp

 

10/04/2012 - 13h07

Um partido autodestrutivo

O candidato do Partido Republicano na eleição presidencial americana, em novembro, provavelmente entrará na corrida já em desvantagem.

Nos últimos anos o ultraconservador Tea Party e os evangélicos empurraram o partido inteiro mais à direita, especialmente em questões ligadas aos chamados "valores familiares", como o aborto e a contracepção. As primárias partidárias atraem a base extremista do partido e vêm obrigando o pré-candidato republicano mais bem cotado e mais moderado, Mitt Romney, a lançar um ataque radical contra os direitos reprodutivos.

Recentemente Romney ameaçou cortar todas as verbas públicas para a Planned Parenthood, a maior provedora no país de atendimento à saúde reprodutiva. "Vamos acabar com isso", falou. Romney foi um governador "pró-escolha" (da gestante) até 2005, quando virou "pró-vida" (do feto), posição que promoveu nas primárias de 2008.

Seu rival principal, Rick Santorum, sempre foi "pró-vida", mesmo nos casos de estupro ou em que uma gestação coloca a vida da mulher em risco. Ele prometeu que, se for eleito, revogará as verbas públicas para a contracepção e defenderá uma emenda constitucional que anule os casamentos homossexuais. Santorum já declarou que tem "um problema" com atos homossexuais e que a sodomia é "contrária à família saudável, estável, tradicional".

Quando, recentemente, o presidente Obama decidiu exigir que hospitais e faculdades de filiação religiosa ofereçam cobertura de seguro-saúde da contracepção, lideranças republicanas, juntamente com Romney e Santorum, disseram tratar-se de um ataque à liberdade.

Nenhum dos pré-candidatos republicanos censurou o comentarista ultraconservador Rush Limbaugh por ter chamado de "prostituta" e "vadia" uma estudante de direito que insistiu, diante de um comitê no Congresso, que os convênios cubram a contracepção. Uma semana depois, Santorum ofendeu ainda mais as mulheres ao visitar Limbaugh, comparando sua iniciativa à peregrinação dos muçulmanos a Meca.

Os ultraconservadores ainda não acreditam que o ex-moderado Romney tenha ingressado por inteiro em suas fileiras, apesar de este ter garantido ser "inabalavelmente pró-vida" e "gravemente conservador". Essas dúvidas foram alimentadas por um assessor sênior de Romney que declarou em março que, assim que se tornar o candidato nomeado, Romney "apertará o botão de reset", assinalando que vai moderar suas posições para concorrer com Obama.

A estratégia de Obama para se reeleger consiste em atrair os moderados, os independentes e as mulheres, que rejeitam as posturas de "valores familiares" de seu provável adversário.

Assim, a não ser que esta economia em recuperação lenta adoeça de novo até novembro, a disputa, que antes parecia difícil para Obama, agora se mostra levemente favorável a ele, contra um candidato cujo partido está se autodestruindo.

michael kepp

Michael Kepp, jornalista americano radicado há 28 anos no Brasil, é autor do livro "Tropeços nos Trópicos - crônicas de um gringo brasileiro" (Ed. Record). Mantém o site www.michaelkepp.com.br. Escreve às terças, a cada quatro semanas, na versão impressa de "Equilíbrio".

 

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