É antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autora de 'Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade'. Escreve às terças, a cada duas semanas.
Só eu tenho uma vida de m...?
Tenho me deparado com uma nova realidade que atinge homens e mulheres de todas as idades: o fantástico mundo do Facebook.
É no Facebook que muitos buscam novos e antigos amores, fazem amigos, registram as coisas mais banais e, principalmente, encontram o reconhecimento que tanto procuram.
Uma atriz de 32 anos contou: "O meu 'Face' é uma espécie de diário. Nele coloco tudo o que acontece no meu dia, desde os momentos mais divertidos até as maiores bobagens. Quando mudo a minha foto do perfil, dezenas de amigos dizem que sou linda. Escrevo uma frase boba e muitos curtem. No dia do meu aniversário, centenas de amigos enviam mensagens carinhosas dizendo que sou especial e querida. É uma injeção maravilhosa no meu humor e na minha autoestima".
Não é à toa que muitos ficam conectados durante muitas horas do dia, buscando algum tipo de diversão, elogio ou reconhecimento.
Um analista de sistemas de 43 anos disse:
"Estou viciado no Facebook. É um paraíso sexual. Nunca foi tão fácil encontrar mulheres para transar e namorar. Nem preciso me esforçar para seduzir; basta mostrar algum interesse e fazer um elogio. É tudo muito direto, rápido e fácil. Além de ser muito fácil deletar quem não me interessa mais".
No entanto, não funciona assim para todos. Muitos ficam angustiados ao se compararem com a felicidade alheia ou ficam frustrados com o tipo de relacionamento que encontram.
Um empresário de 39 anos disse: "Eu deletei meu perfil do Facebook. É muita gente idiota, infantil, exibicionista, carente, competindo para ver quem tem mais amigos ou recebe mais curtidas. É ridículo ver alguém que tem 5.000 amigos no Facebook e não tem um amigo de verdade. Além de ter muita gente grosseira, mal-educada e desagradável. É uma verdadeira egotrip, além de ser completamente 'fake'".
Uma professora de 57 anos reclamou: "Eu me sinto miserável cada vez que entro no Facebook. Quanto mais tempo fico, mais deprimida eu me sinto. Vejo minhas amigas felizes, magras e lindas, viajando para lugares incríveis com os maridos e filhos, empolgadas com novos projetos. Cada vez que entro no Facebook me sinto mais insatisfeita com a minha vidinha solitária, medíocre e banal. Será que só eu tenho uma vida de merda?".
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