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mônica bergamo

 

29/11/2012 - 03h01

'Brasileiro é preconceituoso, o espelho incomoda', diz Gloria Perez

DE SÃO PAULO

Para Gloria Perez, autora de "Salve Jorge", as críticas à novela revelam preconceito. Em entrevista à coluna, ela diz que não dá para comparar o Complexo do Alemão com o Divino, de "Avenida Brasil". A seguir os principais trechos da conversa.

*

Folha - O que você acha das comparação de "Salve Jorge" e "Avenida Brasil?
Gloria Perez - Uma bobagem. Comparar o Complexo do Alemão com o Divino é uma insanidade. Não se compara subúrbio com favela. Vida de subúrbio é cadeira na calçada, venda do vizinho. A carta chega à sua casa. Na favela, carteiro não sobe. É isso que retrato.

"Avenida Brasil" também re­tratou a classe C?
Lá era um subúrbio idealizado. É uma ficção. "Salve Jorge" é a favela real. Por isso, menos palatável. São enfoques e propostas completamente diferentes.

E as críticas à protagonista?
É preconceito con­tra as meninas dessa origem. Elas vivem isso no cotidiano. Não são periguetes. Na favela, essa maneira de vestir não está atrelada a um comportamento como no asfalto. Elas tiveram acesso ao mercado, ao crédito. Agora, estão podendo comprar e construir seu próprio estilo.

Marlene Bergamo/Folhapress
Gloria Perez, a autora da novela "Salve Jorge", em seu apartamento
Gloria Perez, a autora da novela "Salve Jorge", em seu apartamento

O que acha de Nanda Costa?
Nanda é uma atriz intensa, cheia de nuances. É a Morena que ima­ginei. A garota do subúrbio é palatável, está sempre nas novelas. A da favela, não. Morena é exata­mente uma menina do Alemão. Isso assusta. Quem representa esse estranhamento é dona Áurea [Suzana Faini], a mãe do Théo [Rodrigo Lombardi]. Brasileiro é pre­conceituoso. Dona Áurea expressa algo bem característico nosso: "Com meu filho, não". Compreendo as reações. O espelho in­comoda.

Ela estaria um tom acima?
Morena não tem que baixar o tom. Ela se criou no meio de tiro­teio. Na favela tudo é luta. Ela está sempre alerta para se defender. Quando sai de casa pode vir uma bala de cada lado, da polícia ou do traficante. Quando vai para o asfalto é sempre olhada com desconfiança, como se fizesse parte da bandidagem. Ela precisa ter marra para sobreviver.

O que mais Morena espelha?
Ela não abaixa a cabeça. O preconceito não a faz se sentir menor. Ela não tem culpa de ter crescido num espaço que o Estado não ocupou e deixou entregue ao comando do crime. Ela diz: "Não importa de onde a pessoa venha, importa aonde ela chega". Acho bonito esse orgulho de ser o que é.

Mostra também a vai­dade?
No começo, eu li que a Morena estava arrumada demais para uma garota do morro. Mas lá é assim. Vi no Twitter de uma moradora da favela um comentário rebatendo as críticas: "A gente já não tem nada, querem também que não tenha unha nem cabelo?". São centenas de cabeleireiros no Alemão. A vaidade é uma forma de sair daquele mundo. A aparência é o passaporte para um emprego melhor, uma aceitação maior para além dos limites da favela. Então, Elas investem nisso.

Não é só sofrimento?
O cinema brasileiro sempre explorou o mundo da favela como algo triste. Só era ale­gre no Carnaval. Depois é "lata d'água na cabeça". Mas as mulheres da favela não são assim. Nem gostam de ser vistas assim.

*

EM BUSCA DO PARAÍSO
O ex-presidente Lula acha que "o Senado é melhor que o paraíso. Você nem precisa morrer pra ir pra lá". Fez a declaração anteontem ao conversar com o prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa (Partido Democrata). Estavam no jantar de gala do Calendário Pirelli, no Rio, em que Lula foi homenageado.

EM BUSCA DO PARAÍSO 2
A frase usada por Lula é atribuída ao antropólogo Darcy Ribeiro, que foi senador pelo Rio. O ex-presidente ainda comparou o trabalho de senador e governador. "Sempre pensei que eleger senador é melhor que eleger governador. Porque governador depende do governo federal. No Senado, você passa oito anos e vira Deus", disse.

ENSAIO
A hipótese de Lula ser candidato ao Senado por São Paulo, na eleição de 2014, circula no PT e no PSDB. Sem muita força, já que ele repete que não será mais candidato a nada.

LULA CULT
Lula aproveitou para cumprimentar Villaraigosa pela reeleição de Obama e revelou que adora um filme que se passa na cidade americana governada por ele: "Los Angeles Cidade Proibida".

MAMÃE É FÃ
E o ator americano Owen Wilson, que estava na festa, tirou foto de Lula com o celular. "Minha mãe gosta dele. Vou mandar pra ela e contar que estive com o presidente (sic) do Brasil", disse à Folha.

PRA GRINGO VER
A atriz americana Jane Fonda, que está no Brasil para lançar o livro "O Melhor Momento", pediu para conhecer uma favela no Rio

MÁCULA
O ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho é lacônico sobre os 20 anos do Massacre do Carandiru, em outubro de 1992, na sua gestão. Diz não acompanhar as idas e vindas do julgamento dos policiais que respondem pela morte dos 111 detentos na ação no presídio. "Foi lamentável", disse, enquanto assistia sozinho ao GP do Brasil de F1.

ALDA TRABALHADORA
A vice-prefeita Alda Marco Antonio (PSD) já tem planos para depois que deixar o cargo, no fim do ano. "Devo passar janeiro e fevereiro organizando papéis. Depois, volto a dar consultoria de engenharia sanitária, com o que sempre trabalhei."

ALDA FESTEIRA
No jantar promovido por Kabalan Frangieh, novo cônsul do Líbano em SP, anteontem, Alda distribuía elogios. Chamou o anfitrião de "jovem e liiiiindo". E fez um chamego à comunidade do país, que "apesar das divergências partidárias, continua na prefeitura". Gilberto Kassab e Fernando Haddad são de origem libanesa.

SANSÃO DE SP
O prefeito eleito Fernando Haddad (PT) promete uma visita ao salão de beleza antes de tomar posse da cidade, em 1º de janeiro. "Vou ligar para o meu amigo Celso [Kamura, cabeleireiro] e usar minhas habilidades de árabe para negociar." O corte masculino com o próprio Kamura custa R$ 350.

NA BAHIA
Raí vai convidar Zinédine Zidane para conhecer o Carnaval de Salvador. Embaixador do camarote da Accor, o ex-jogador se encontra com o colega francês para um almoço em Paris no dia 12.

SOB O VÉU

A estilista Lethicia Bronstein pôs seus vestidos de noiva em exposição, na galeria Canvas. O fotógrafo André Schiliró e a atriz Nathália Rodrigues foram a Pinheiros conferir.

CURTO-CIRCUITO

A Doc Galeria realiza bazar de fotografias até o dia 22 de dezembro.

Rafael Medina fala sobre joias na arte, às 18h, no Coleções Escritório de Arte.

João Pedrosa inaugura a instalação "Casaleria" na Berenice Arvani, às 19h.

O Na Mata Café comemora 12 anos com festa para convidados, às 20h30.

Evian & Badoit fazem lançamento no Unique.

com ELIANE TRINDADE e LUCAS NEVES (colaboração), ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, CHICO FELITTI e LÍGIA MESQUITA

mônica bergamo

Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

 

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