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O jornalista Nelson de Sá cobre mídia e cultura na Folha. Escreve de segunda a sexta.
Que as ruas sejam de novo ocupadas
Na noite de 18 para 19 de junho de 2013, o correspondente da Rede Globo em Nova York, Jorge Pontual, tuitou que, "se a bateria do ninja não morrer, eu não durmo esta noite".
Ele passou batido pela cobertura da Globo e assistiu aos protestos de junho pela transmissão ao vivo de Filipe Peçanha, na madrugada do grande choque da Mídia Ninja _antes do sequestro desta pelas controvérsias de seus editores, que quase jogam a experiência no chão.
Embora a repercussão e a consequente reação tenham sido em torno do conteúdo, o significado mais profundo, como enfatizou José Simão, muito sério no Twitter, foi de forma e linguagem.
Então no Rio, Mirta Varela, professora titular de História dos Meios de Comunicação da Universidade de Buenos Aires, apontou como aquela transmissão on-line do chão, ouvindo manifestantes e policiais sem edição, era muito diferente do que se via dos helicópteros televisivos:
"A cobertura de TV se dá longe dos manifestantes, de um ponto de vista externo. E as imagens distantes são acompanhadas por vozes dos jornalistas. O monopólio da palavra é da TV."
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Na noite anterior, de 17 para 18, o choque havia sido ainda maior, quando manifestantes desceram a Marginal Pinheiros gritando "palavras de ordem contra a TV Globo".
Foi como o "Jornal Nacional" noticiou, depois. Mas o protesto foi seguido ao vivo, dramaticamente, pelo helicóptero do "Cidade Alerta", da concorrente Record. Com os manifestantes "na frente da Globo", Marcelo Rezende dizia: "Espero que não façam nada, tenho amigos lá".
O próprio "SPTV", da Globo, acompanhou ao vivo, pelas câmeras do estúdio. Carlos Tramontina, olhando os manifestantes pela janela, dizia: "Já podemos ver, estão na Usina de Traição".
Com tudo isso e mais, a Globo mudou. Arnaldo Jabor, no "Jornal da Globo", virou de ponta-cabeça. E o "Fantástico" abraçou o antiamericanismo, com o passe de Glenn Greenwald.
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Com tudo isso e mais, Míriam Leitão, do "Bom Dia Brasil", questionada sobre "um pedido a Papai Noel", respondeu: "Que as ruas sejam de novo ocupadas, para exigir educação". E Carlos Alberto Sardenberg, do "Jornal da Globo": "Queria protestos vigorosos, mas pacíficos, na Copa".
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