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O jornalista Nelson de Sá cobre mídia e cultura na Folha. Escreve de segunda a sexta.
Trump quer o fim dos recursos para TVs e rádios públicas e para as artes
O orçamento proposto nos Estados Unidos corta todos os recursos para as redes públicas de TV (PBS) e rádio (NPR). Independente, a PBS diz que vai lutar contra "o fim de um serviço essencial".
O "New York Times" anota que emissoras grandes como a WNYC sobreviveriam com contribuições da audiência e de empresas, mas centenas estão ameaçadas. Grupos conservadores, registra a CNN, já festejam o assalto à "mídia esquerdista".
Também sob festa, o orçamento de Trump propõe o fim dos recursos às artes (NEA). O colunista conservador George Will, do "Washington Post", admite que em 2016 ele representou só "um centésimo de 1% do orçamento", mas é preciso abolir porque...
— O que é arte? Subsidiamos a produção de soja, mas pelo menos se pode dizer o que é um grão de soja.
A FAVORITA
De 13 entrevistas concedidas por Donald Trump como presidente, segundo um repórter da CBS, cinco foram à Fox News (acima, a mais recente), uma cada para "NYT", NBC e outras. Nada para a CNN.
LENDO COISAS
De volta à Fox News pela quinta vez, o presidente americano foi questionado até pelo entusiasta Tucker Carlson sobre sua acusação de que o antecessor Barack Obama teria instalado escutas no escritório da campanha republicana. Respondeu, a partir de 11min no vídeo acima:
— Eu vinha lendo sobre coisas. Li, acho que foi em 20 de janeiro, num artigo do "NYT" sobre escutas telefônicas. Houve um artigo, acho que eles usaram exatamente essa palavra. Li outras coisas.
A agência Associated Press despachou uma rara análise mais crítica, dizendo que ele "está aprendendo que na Casa Branca as palavras importam ".
CORRIDA ARMAMENTISTA
O site de jornalismo "Poynter" informa que desde a eleição "NYT", "WP", "BuzzFeed", "ProPublica" e CNN estão em "batalha feroz" por repórteres investigativos. Só na quinta (16) o "NYT" contratou três. Um repórter do "WP" vê "corrida armamentista":
OUTRO LADO
As maiores revelações sobre o governo Trump até agora, pelos veículos citados, foram de vínculos com a Rússia. Ben Smith, editor do "BuzzFeed", alerta para tomar "cuidado com as falsas tentações da história da Rússia". Sublinha que a amargura liberal pode acabar estimulando "fantasias" e "notícias falsas".
Glenn Greenwald, do "Intercept", acrescenta que lideranças democratas já preparam o ambiente para a ausência de provas sobre a "conspiração Trump/Rússia".
PREJUDICIALMENTE INCOMPLETA
Em Brasília, informa o site "Teletime", um deputado acaba de apresentar projeto estabelecendo prisão de até oito meses para quem divulgar ou compartilhar uma notícia falsa —ou sequer "prejudicialmente incompleta".
Livraria da Folha
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