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nina horta

 

25/07/2012 - 04h02

Você gosta mais de arroz ou feijão?

Vamos parar de pensar demais. Cozinha tem isso de bom. Um dia se teoriza, "antropologiza", "sociologiza", copia, critica. No outro, você se esquece de tudo, menos da comida em si, sem reflexão mesmo.

De vez em quando me pergunto se a identidade, feita de gênero, classe, etnia, religião e política não é construída dentro da esfera da comida.

Sabe aquilo de servir o pai primeiro com a coxa da galinha e a mãe por último com a asa? E se a mãe começa a ganhar mais do que o pai? Passa a comer a coxa e o pai, a asa? Hum.... Com o tempo, acho que sim.

Mas fico confusa, sem saber se as interpretações não são por si construções muito frágeis, e se o que vale mesmo é aquela comida no prato e a modificação dos costumes muito lenta, seguindo atrás.

Mas por hoje chega. Vamos papar um pratão de feijão com arroz, farofa de mandioca só com manteiga, uma couve picadinha superfina e um ovo bem frito, esturricado, daqueles que a Rosana fazia imitando a avó portuguesa. Feito no óleo, com a clara queimada nas beiradas, sal e pimenta-do-reino.

Não tem explicação, ovo frito deveria ser o mesmo quase sempre. Mas cada um tem um jeito, uma guinada de mão, um temperinho a mais ou a menos.

Por falar em feijão com arroz, quem gosta mais de feijão e quem gosta mais de arroz? Sou do feijão: branco, preto, mulatinho, com caldo grosso, para comer em prato fundo e com colher, se possível. Arroz nunca foi minha preferência. Não sei o porquê, meio sem gosto.

A implicância com o arroz foi até o dia em que experimentei arroz grudento, feito no vapor. Descobri o gosto interno dele, a essência. Disparei a comer todo dia. Vicia, e o resultado é que engorda muito se a pessoa é uma "couch-potato"!

No Brasil, as pessoas se acostumaram tanto com arroz que ele virou acompanhamento de tudo, não só do feijão. Acompanha feijoada, acho um pecado. Acompanha bacalhau com batata, também acho. Acompanha tudo.

Tenho me aproximado da cozinha chinesa. Sempre gostei, mas agora ando com vontade de umas panquequinhas de arroz transparente, glutinoso. Já repararam que usamos pouco o arroz de outro modo que não seja o tradicional?

É só começar a procurar na internet para viajar não só para a China, mas para a Tailândia, o Vietnã, a Coreia. Um mundaréu. Vou começar a comprar a cada semana um tipo de arroz e tentar diferenciar o gosto, e o que se pode fazer com ele.

Variações de receitas mundo afora. Arroz de jasmim, arbóreo, basmati, parboilizado, japonês, carnaroli, grão curto, grão longo, vermelho, e o que mais aparecer.

Vou fazer o pó de arroz, o arroz em pó. E tostado. É só tostar o arroz numa frigideira e depois moer num moedor elétrico (ou no pilão). Fica gostoso até sobre o arroz comum, dá um sabor de nozes. E sobre galinha ensopada, sobre picadinho...

Vou colocar a receita de arroz grudento no blog. Se quiserem, é só dar um pulo . Não cabe aqui.

nina horta

Nina Horta é escritora, blogueira e colunista de gastronomia da Folha há 25 anos. É formada em Educação pela USP e dona do Buffet Ginger há 26 anos. Escreve às quartas-feira.

 

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