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nina horta

 

29/08/2012 - 03h45

Brasileira da gema

Numa das primeiras vezes que escrevi sobre a Mari Hirata, eu estava encantada com um prato que ela trouxe para nós, a pura simplicidade. Imitava os ovos das termas que ela visitara quando criança.

Enquanto os pequenos brincavam, as mães punham os ovos nas águas e, na hora do lanche ou do almoço, comiam o ovo perfeito, tão na moda hoje. Ela ainda colocou num prato preto, com aspargos frescos. Era uma imagem espetacular.

Eu me lembrava vagamente do nome desses balneários. Perguntei para o meu mais recente amigo sabe-tudo e ele nem precisou de internet, só do chuveiro num eureca sem banheira. Onsen, eu não iria lembrar jamais, obrigada, Luiz Paulo.

O tal de ovo, num breve levantamento de onsens, "è mobile como la donna". O conceito de perfeição está invariavelmente ligado ao gosto de cada comedor de ovos.

Quanto mais complicado for cozinhar o ovo, mais perfeito ele será, e que japonês é craque na fetichização de comidas, ingredientes, modos e maneiras. Tudo a ver com o comércio e a exclusividade...

Até acreditei no cientista que me falou bem de ovos de galinhas e desmentiu toda aquela história de galinhas dopadas. Parecia muito honesto. O que nos falta aqui são só as termas para fazer piquenique, não é possível cozinhar ovo nenhum nas nossas estações termais. As águas que aqui borbulham não borbulham como lá... Mas chega de ovo.

Prometi falar de fetiche e de uniforme, mas não estudei direito, então prorrogo o prazo. Recebi muitos sites de uniforme, mas já estava conversando com a Valentina, filha da Aninha do Mesa 3 (tel. 0/xx/11/3872-9958), que foi para a França estudar a arte das roupas e está fazendo projetos incríveis. Conversamos muito, mas sempre esbarro num problema que parece não ter jeito.

Tudo fica lindo nas meninas finas como um bambu, que, apesar de trabalharem em bufês e restaurantes, não cedem à gula. Mas são poucas.

Predomina o corpo de periguete, a bunda grande e os peitos fartos. E como precisam ser consultadas sobre o que mais gostariam de usar, qual seria o modelito mais confortável e bonito, adivinhe se não é o modelo da Suelen, barriguinha de fora, Vênus calipígias, brincos de um lado só...

Nas Olimpíadas, prestei bastante atenção nos corpos das mulheres, geralmente esculturais. Mas o biquíni da brasileira não combina com outras raças.

Os bumbuns das outras são chatos, e a calça escorrega deixando aparecer o que não se quer mostrar. Que diferença de corpo e postura das jovens brasileiras.

Elas são sexy, redondas enquanto as estrangeiras são sexy também, mas de tanta inocência. Atletas, a nudez é grega, sentam-se como homens, puxam o cabelo para trás de qualquer jeito, naquele momento são ginastas somente, esquecem-se da mulher.

As brasileiras não se esquecem nunca. Primeiro são mulheres, depois ginastas. Pois é, isso para voltar à conversa dos uniformes, que não adianta querer vestir as meninotas de japonesas ou indianas, pois são brasileiras, como aqueles ovos caipiras de gema mole, azuis, que só dão nos nossos pagos...

nina horta

Nina Horta é escritora, blogueira e colunista de gastronomia da Folha há 25 anos. É formada em Educação pela USP e dona do Buffet Ginger há 26 anos. Escreve às quartas-feira.

 

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