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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Mandetta conversa por telefone com embaixador chinês que brigou com Eduardo Bolsonaro e Weintraub

Yang Wanming entrou em choque com Eduardo Bolsonaro e Abraham Weintraub após postagens consideradas preconceituosas

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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, conversou nesta terça-feira (7) por telefone com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, que nas últimas semanas entrou em choque com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e com o ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Pouco depois, nas suas redes sociais, Wanming comemorou o contato.

"Nesta tarde, na conversa telefônica com Min. @lhamandetta coincidimos em reforçar a cooperação bilateral, especialmente entre os dois ministérios da Saúde, para compartilhar experiências do combate à Covid-19 em prol do enfrentamento conjunto deste desafio global", escreveu o embaixador.

Na sequência, em entrevista coletiva, Mandetta também falou sobre o telefonema.

"Iniciaremos um trabalho conjunto com o ministro-adjunto, encarregado de negócios, para que cada compra que formos fazer, cada contrato que fizermos, para garantir mais transparência, mais solidez e informações, a gente possa fazer isso com o apoio da embaixada da China. A gente sabe da importância desse esforço comum entre Brasil e China para que possamos garantir os nossos equipamentos aqui", disse o ministro.

Ele acrescentou que a embaixada deve ajudar na logística de buscar na China, por avião, os equipamentos usados no combate ao coronavírus e no tratamento de pacientes.

Wanming entrou em rota de colisão com Weintraub no sábado (4), depois que o ministro da Educação usou o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, para fazer chacota da China.

"Geopolíticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", escreveu o membro do gabinete do presidente Jair Bolsonaro, trocando a letra "r" por "l", assim como na criação de Mauricio de Sousa.

O embaixador chinês, então, publicou nota de repúdio classificando as declarações como "absurdas" e "desprezíveis", com cunho fortemente racista e objetivos indizíveis e que causavam "influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil".

Ele ainda acrescentou que aguardava uma declaração oficial do governo brasileiro sobre o que escreveu Weintraub, que até o momento não aconteceu.

Semanas antes, na noite do dia 18 de março, Eduardo Bolsonaro comparou a pandemia do coronavírus ao acidente nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia, em 1986.

As autoridades, à época submetidas a Moscou, ocultaram a dimensão dos danos e adotaram medidas de emergência que custaram milhares de vidas.

"A culpa é da China [pela crise da Covid-19] e liberdade seria a solução", escreveu o deputado.

O episódio gerou crise diplomática entre os países. Com a repercussão do caso, o deputado federal afirmou no dia seguinte às declarações que jamais quis ofender o povo chinês e ressaltou que o embaixador chinês não refutou seus argumentos sobre o surgimento do coronavírus.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2018, 26,7% das exportações brasileiras tiveram a China como destino —Pequim lidera o ranking dos países compradores dos produtos brasileiros, segundo o Ministério da Economia. Entre 2003 e 2019, Pequim investiu US$ 79 bilhões no Brasil.

Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto

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