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patrícia campos mello

 

18/11/2011 - 15h46

Para Congresso dos EUA, Brasil tem agenda positiva e Argentina preocupa

Roberta Jacobson, escolhida para ser a nova secretária-assistente de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, foi sabatinada na semana passada no Senado americano. Como parte do processo, senadores americanos enviam uma lista de perguntas para a indicada ao cargo, que é o mais alto posto diplomático dos EUA para a região. As perguntas, mais do que as respostas, sempre muito diplomáticas, são reveladoras. Mostram quais são os principais temas que preocupam os legisladores americanos em relação à América Latina. O senador republicano Richard Lugar, um dos nomes mais respeitados no Congresso quando o assunto é política externa americana, manifestou preocupação em relação à perda de influência dos EUA na região.
E chama a atenção a diferença da pauta de assuntos relacionados ao Brasil e à Argentina.

Para o Brasil, trata-se primordialmente de pauta positiva: oportunidades para empresas americanas na exploração do pré-sal e obras de infraestrutura para a Copa do Mundo e as Olimpíadas; andamento do acordo de eliminação de bitributação, Mercosul.

É claro que há pontos de desacordo. "Nos últimos dois anos Estados Unidos e Brasil discordaram em vários pontos chave, de comércio a cooperação contra o narcotráfico e mudança climática. E parecem estar trabalhando em direções opostas nas políticas para Irã, Honduras e Venezuela. De certa forma, o Brasil parece ter se tornado um polo contrário ao papel dos EUA na América Latina e no mundo, tentando minimizar a influência americana."

Mas, no geral, a pauta é positiva.

Já em relação à Argentina, o tom das perguntas é essencialmente crítico. O maior tema bilateral é a recusa da Argentina a pagar alguns dos investidores, holdouts, da renegociação da dívida argentina. "As ações da Argentina não apenas prejudicam empresas americanas que investiram no país, mas estabelecem um precedente perigoso que pode ser seguido por outros países", diz o senador Lugar em uma de suas perguntas. Na última reunião do G20, em Cannes, o presidente Barack Obama teria enfatizado diretamente para a presidente Cristina Kirchner a importância de a Argentina cumprir seus compromissos com credores internacionais. Em sua resposta a Lugar, Roberta afirmou que os EUA vão continuar insistindo com a Argentina.

A Venezuela, como de costume, também é alvo de críticas. "Quão preocupados os americanos deveriam ficar com o fato de a Venezuela estar adquirindo todas as características de um estado dominado pelo narcotráfico?"

A resposta, neste caso, é bem mais direta. "Desde 2005, ano após ano, os Estados Unidos detectaram que a Venezuela não tem cumprido suas obrigações internacionais de combate ao narcotráfico", escreveu Roberta.
O senador republicano Marco Rubio, da bancada anticastrista, está segurando a confirmação de Roberta no cargo, à espera de mais esclarecimentos sobre questões ligadas a Cuba.

patrícia campos mello

Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).

 

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