Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 

patrícia campos mello

 

02/11/2012 - 03h00

Quem estará num governo Romney e num governo Obama

A eleição americana é uma das mais apertadas dos últimos anos. Qualquer um que fizer previsões corre o risco de quebrar a cara. Mas a bolsa de apostas sobre quem estaria em um governo Romney ou um governo Obama está fervendo.

Em um segundo governo Obama, Hillary Clinton muito provavelmente deixaria o cargo de Secretária de Estado, como já indicou algumas vezes. Estão cotados para assumir seu lugar o senador democrata John Kerry, eterno candidato ao cargo, e a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice. Kerry, líder do comitê de Relações Internacionais do Senado, desempenhou o papel de "Mitt Romney" nos ensaios para os debates --e foi criticado após o fiasco de Obama no primeiro debate. Já Rice tem como vulnerabilidade sua resposta ao ataque ao consulado americano em Benghazi que resultou na morte do embaixador Chris Stevens --Rice insistiu que se tratava de um protesto popular que havia saído do controle, e não um atentado terrorista.

Caso Rice assuma o cargo de Secretária de Estado, o cenário não é tão positivo para o Brasil. Como lembra Matias Spektor, professor de Relações Internacionais na FGV, Rice teve várias rusgas com o Brasil durante sua gestão na ONU - entre elas, a oposição do Brasil às sanções contra o Irã em 2010.

Tanto Rice quanto Kerry são grandes defensores das intervenções humanitárias para evitar massacres como o de Ruanda --e nisso batem de frente com a filosofia de não intervenção do Itamaraty.

Já em um governo Romney, um possível secretário de Estado seria o ex-presidente do banco Mundial Robert Zoellick. A escolha seria positiva porque Zoellick faz parte da corrente dos "realistas" em política externa, e não dos neoconservadores hardcore como John Bolton, outro assessor da campanha. Bolton, para quem não lembra, é aquele bigodudo ex-embaixador dos EUA na ONU que afirmou : "Se eliminassem os dez últimos andares do prédio da ONU, não faria nenhuma diferença."

Mas Zoellick tem certa experiência amarga com o Brasil. Em 2002, quando era representante de Comércio do governo Bush, ele se irritou com a resistência do Brasil na negociação da Alca e disparou: "Nós queremos fazer a primeira oferta à América Latina, porque são nossos parceiros mais próximos; mas, se eles decidirem que querem ir em outra direção, para a Antártica, nós olharemos para o leste e o oeste".
O então presidente Lula afirmou: "Eu não posso responder ao sub do sub do sub do secretário americano. Vou discutir a Alca diretamente com o companheiro Bush."

Ou seja, o sub do sub do sub, que insinuou que o Brasil teria de fazer comércio com os pinguins se não assinasse a Alca, pode virar secretário de Estado em um governo Romney.

Outra opção para secretário de Estado seria Rob Portman, que também foi representante de Comércio no governo Bush filho e Richard Haass, presidente do Council on Foreign Relations.

Outro que deve deixar o governo Obama é o secretário do Tesouro, Tim Geithner. Cotados para assumir seu lugar estão Erskine Bowles, um dos autores da proposta bipartidária de redução de déficit que nunca foi adotada, e Jacob Lew, atual chefe de gabinete de Obama.

Num governo Obama, Glenn Hubbard, diretor da Columbia Business School, está entre os nomes aventados para o cargo no Tesouro.

No Congresso, não deve haver muita mudança --dá para arriscar a previsão de que os Democratas continuarão controlando o Senado, e os Republicanos, a Câmara.

patrícia campos mello

Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).

 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página