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patrícia campos mello

 

23/11/2012 - 03h10

A cretinice dos CPFs nos pré-pagos

Acabo de passar 20 dias nos Estados Unidos cobrindo as eleições americanas. No mesmo dia em que cheguei, fui até uma loja da operadora AT&T e comprei um chip pré-pago. Por US$ 80, o chip me deu direito a chamadas locais e interurbanas ilimitadas por um mês, acesso a dados ilimitado (internet e e-mail no smartphone) e ligações ilimitadas para telefones fixos no Brasil.

Para isso, tive apenas que mostrar meu passaporte. Ah, não custa dizer - a internet era rapidíssima.

Também em Israel, Peru e Chile já comprei chips pré pagos facilmente.

Com a Copa do Mundo e as Olimpíadas, o Brasil deve receber milhares de turistas. Nenhum deles vai poder comprar um chip pré-pago, a menos que consiga um brasileiro benevolente que lhe empreste CPF e número de identidade.

Desde 2004 as operadoras são obrigadas a exigir esses documentos para cadastrar os usuários de celulares pré-pagos.

Na época, entrou em vigor uma lei que tinha como objetivo reduzir o número de celulares usados por detentos dentro de presídios para comandar operações e rebeliões. O então (e atual) governador Geraldo Alckmin afirmou que os pré-pagos eram "instrumento da criminalidade" e, por isso, tinham de ser cadastrados.

Desculpe, mas dá vontade de rir.

Segundo informou a Folha, de janeiro de 2008 a dezembro de 2010, foram apreendidos 31.631 aparelhos de celular nos presídios do Estado de São Paulo, média de 29 por dia. Outra reportagem da Folha mostrou que muitos criminosos usam CPF e RG de terceiros, falsos ou de laranjas, para comprar seus celulares pré-pagos.

patrícia campos mello

Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).

 

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