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patrícia campos mello
Mais um ano fraco para o comércio exterior
O governo garante que, em 2013, finalmente o crescimento de 4% sai do papel. As medidas de incentivo ao investimento vão render frutos no ano que vem, asseguram dilmistas.
Mas um setor que definitivamente desperta preocupação é o comércio exterior.
Segundo as previsões de José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as exportações brasileiras vão cair 1,1% no ano que vem, na comparação com este ano, que já foi mais fraco. No total ficarão em US$ 239,69 bilhões. As importações, em contrapartida, devem crescer 0,4%, chegando a US$ 225,07. Com isso, haverá uma queda de 20% no superávit comercial brasileiro, que deve encolher para US 14,62 bilhões.
E Castro costuma acertar.
Um país que tem a balança de serviços estruturalmente deficitária não pode se dar ao luxo de ter seu superávit comercial encolhendo de ano a ano.
"Na melhor das hipóteses, a contribuição do comércio exterior para o PIB vai ser zero", diz Castro.
"O mundo tem muita interrogação no ano que vem."
Por enquanto, nossas exportações para a União Europeia não caíram muito. Mas o desemprego lá continua muito alto, e em algum momento a crise vai ter um reflexo maior nas nossas exportações, acredita Castro. Segundo seu relatório, a crise europeia pode afetar também indiretamente o Brasil, pois a Europa é mercado de destino para cerca de 30% das exportações chinesas, e, caso sejam reduzidas, podem diminuir suas importações do Brasil.
"E aqui na América do Sul, nós continuamos focados no Mercosul empacado, fazendo ideologia, e a China ocupando espaço nos mercados", diz.
Castro projeta queda de preço do açúcar, café e etanol. Espera-se uma supersafra de soja, com 81 a 82 milhões de toneladas, e preços ainda beneficiados pela quebra de safra dos EUA.
Segundo ele, o preço do minério de ferro deve continuar caindo, de US$ 126 a tonelada em 2010 para US$ 95 este ano e US$ 90 no ano que vem.
Se o crescimento da China ficar abaixo de 7,5% no ano que vem, pode pressionar para baixo preços de commodities. Se ficar acima, pode elevar as cotações.
Castro projeta que as commodities manterão a elevada participação de 68% na pauta de exportação. "mesmo com quedas de cotação, quantum e elevação da taxa cambial, ainda insuficiente para estimular exportação de manufaturados para um mundo com demanda e crescimento em retração". Ou seja, continuaremos dependentes de produtos com preços altamente voláteis, e pouco competitivos na venda de manufaturas.
Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).
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