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patrícia campos mello

 

23/09/2011 - 11h06

O fator Israel na eleição americana

Não estivéssemos nos estertores de 2011, no início de uma encarniçada campanha presidencial americana, talvez o presidente Barack Obama tivesse sido mais corajoso em seu discurso na ONU.

Mas o "fator Israel" paira sobre todos os governantes americanos. É um dos motivos pelos quais os EUA nunca foram encarados como mediadores confiáveis para o conflito israelense-palestino.

Em sua fala na Assembleia Geral, Obama rejeitou as tentativas dos palestinos de serem reconhecidos na ONU, dizendo: "A paz não será alcançada por meio de declarações e resoluções na ONU".

É difícil subestimar a força do lobby pró-Israel na política dos Estados Unidos e a importância dos financiadores de campanha originários da comunidade judaica mais radical na questão palestina.

O republicano Rick Perry, que disputa a indicação do partido para a eleição presidencial, demonstrou estar antenadíssimo com as sensibilidades do eleitorado pró-Israel.

Na véspera do discurso de Obama na Assembleia Geral da ONU, Perry disse que a política de Obama em relação a Israel é "ingênua, arrogante, mal direcionada e perigosa". Como presidente, continuou, ele reafirmaria o comprometimento inquestionável dos EUA com Israel e cortaria a ajuda americana aos palestinos, de cerca de US$ 600 milhões ao ano, se eles continuassem insistindo em ser reconhecidos como Estado independente. Ele também criticou as sanções americanas contra o Irã , dizendo que são "insuficientes". "Diga ao povo de Israel que a ajuda está a caminho", concluiu.

A Câmara dos Deputados dos EUA, cuja maioria é republicana, tem uma relação muito próxima com o primeiro-ministro israelense, Bibi Netanyahu. Bibi foi recebido com alvoroço em visita recente ao Congresso.

Obama iniciou seu mandato com uma postura mais crítica em relação a Israel e insistindo, sem sucesso, para que o governo israelense congelasse os assentamentos.
No discurso na ONU, porém, ele se posicionou como firme defensor do status quo, insistindo em negociações entre as duas partes.

Como disse o influente analista Steve Clemons: "Obama continua a insistir na versão de que a paz só será alcançada entre 'as duas partes envolvidas', só quando elas resolverem negociar. Mas o fato é que o status quo de negociações paralisadas beneficiam Israel, dominante, que vai expandindo seus assentamentos - e os EUA, ao dizer que vão vetar o pedido de reconhecimento da palestina na ONU, estão sendo fiadores de uma das partes da equação, e solapando as aspirações da outra parte. E se os EUA tivessem dito a Kosovo - não haverá reconhecimento de Estado independente por parte dos EUA até que vocês resolvam todas as suas questões pendentes com a Rússia?'

patrícia campos mello

Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).

 

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