A imagem da princesa de conto de fadas com quilos de tule, véu espalhafatoso e meio sorriso de paisagem está com os dias contados. Meghan Markle, 36, atriz de "Suits" (exibido no Brasil pela Netflix) e nova obsessão dos tabloides, deve reescrever a cartilha de vestimenta da coroa britânica quando assumir o papel de mulher do príncipe Harry, 33.
É que além de ser a primeira afro-americana na linha de frente da realeza, ela também é pioneira no uso de jeans rasgado, shortinho e transparências em aparições públicas. Se conseguir manter as preferências, levará o estilo "tire minha foto" de Hollywood aos salões privados de Buckingham.
Suas escolhas são mudanças radicais na estética recatada da realeza, que mesmo após a entrada de Kate Middleton na árvore genológica da família, não tirou das manchetes os tons pastel desbotados e o "nude" cintilante dos vestidos angelicais pendurados nos retratos do palácio.
Fotografia fiel da mulher comum –por mais que Diana e Kate tenham ganhado esse título, ambas são de famílias politicamente conectadas à coroa–, Markle carregará o peso político de ser a imagem mais "cool" e moderna da família real.
Misturar grifes e "fast-fashion" como qualquer garota de classe média, ir na padaria trajada com calça e jaqueta ou aparecer de vestidinhos coloridos em dias de sol são escolhas que aproximam a realeza de uma audiência jovem, tão inconformada com o andar da carruagem política quanto à do final dos anos 1970, quando Diana apareceu para embaçar os conflitos das ruas e tirar a poeira da coroa.
Seus "looks" compostos por marcas pouco opulentas como Jill Jill Stuart, Aquazzura e Veronica Beard, são sinais de que adotará estilo comedido, mas com alguma graça de grafismos e decotes.
O próprio Harry escolheu dois diamantes que eram de sua mãe, encomendou outro e desenhou o anel de noivado da namorada, mais um sinal de que o casal deve ser ponto fora da curva no classicismo da coroa.
A verdade é que a onda de princesismo detonada por Kate Middleton logo após o "casamento do século" e o sentimento de "união nacional" proporcionado pelo casório já virou conto ofuscado pela história, pelo "brexit" e, principalmente, pelo mau humor da juventude inglesa.
Explica-se. A coroa terá um grande desafio após a morte da rainha Elizabeth 2ª, 91. Em 2014, passados apenas três anos do enlace entre o príncipe William e Kate Middleton, uma pesquisa publicada pela revista "Newsweek" pontuou que 1% das britânicas gostariam de ser a duquesa, pelo menos 56% se mostraram indiferentes a ela e 15% não querem nem conhecê-la.
O "frisson" de sua presença não chegou nem perto da injeção de ânimo de Lady Di, uma ideia que apesar de não estar escrita em discursos, é escancarada na midiatização da vida do casal e da prole.
Meghan Markle não é princesa da Disney, nem será. Seu papel compartilhado com o marido será o de contrapeso à imagem perfeita vendida por William e Kate, o casal das formalidades, da sucessão do trono e de todo o protocolo envolto nele. Ou seja, de toda a chatice real que mais repele do que traz para perto.
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