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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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A boa arrogância

Com Dunga e Mano, a seleção não venceu clássicos. Felipão mudou o discurso: "Vamos ganhar!"

A Croácia não perdeu nenhuma vez sob o comando de Nico Kovac. São cinco partidas apenas, três vitórias e dois empates.

O Brasil não perde jogando dentro do país há 12 anos. Em 37 jogos, 28 vitórias e nove empates, o que faz de todos os 23 convocados imbatíveis aqui dentro. Felipão, não.

Uma vez o técnico da seleção perdeu no país. Era sua despedida, festa pelo pentacampeonato, em agosto de 2002. O Brasil foi derrotado pelo Paraguai.

Felipão perdeu, seu time atual não. A formação titular hoje contra a Croácia jogou junto seis vezes, venceu as seis, marcou 14 gols e só sofreu um.

De todas essas partidas, a de hoje contra a Croácia é a mais difícil. Estreia de Copa nunca é fácil. Há 20 anos, quatro Copas, o Brasil não faz diferença de dois gols no primeiro jogo de um Mundial. Poucos dos que estarão no estádio se darão conta disso.

A arquibancada da seleção tem uma leve arrogância que atrapalha. Dunga foi chamado de jumento num insosso 0 x 0 contra a Argentina em 2008. Contra a Argentina!

Mas há uma suave prepotência que ajuda. Há dois anos, a seleção enfrentou a Alemanha em Stuttgart e Mano Menezes escalou Fernandinho para marcar Phillipp Lahm. A informação estava certa, a providência também, mas o efeito foi ruim.

O Brasil entrou com medo e perdeu por 3 x 2. Por quatro anos, com Dunga e Mano Menezes, a seleção não venceu nenhum clássico. Felipão chegou e mudou o discurso: "Vamos ganhar!". Em um ano, o time saltou de 22º lugar no ranking Fifa para a terceira posição.

A química para ganhar a Copa do Mundo precisa ter essa suave dose de arrogância dentro de campo. Fora, a lembrança de que os jogos são difíceis. Todos serão. Só uma seleção ganhou os sete jogos para ser campeã. Só a seleção de Felipão em 2002.

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