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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Repensar

Se Felipão estava acabrunhado na entrevista coletiva de sexta (27) por ter dormido pouco e perdido a hora do chimarrão, então uma coisa é certa: ontem também não teve o mate gaúcho. Felipão passou grande parte do jogo calado e interferiu mal no jogo. A troca de Fred por Jô no início do segundo tempo não mexeu no que o Brasil tinha de pior: o meio de campo.

A seleção conhecia e não conseguiu impedir as principais qualidades chilenas. A primeira, eles avançam a marcação e roubam no campo de ataque, como no lance do gol -erros grosseiros de Hulk e de Marcelo. A segunda, a troca de passes constante, que tinha de se evitar.

Você conhece a história de Hulk. Não a do atacante, mas a do cientista Robert Bruce Banner, que ficava verde e irreconhecível quando se enervava. O Brasil era Hulk e Hulk, o Brasil, para o bem e para o mal. Primeiro, a falha no gol. Depois, nervosa, tentava a fórceps chegar à área chilena, apenas nas arrancadas de Hulk, tentando redimir-se.

O Brasil dos velhos tempos da técnica e da troca de passes ontem foi só o time da força e das ligações diretas. Nem de longe era a representação do que se imagina do futebol brasileiro. No primeiro tempo, esteve mais perto de ser. Mesmo assim, sua superioridade nos primeiros 30 minutos era reflexo do posicionamento defensivo e da jogada de bola parada -igual às treinadas na Granja Comary. A única coisa boa.

Sabia-se que o Chile seria um adversário difícil, justamente pelo estudo e trabalho que eles fizeram para tentar se incluir no jogo mais moderno do planeta. Aquele que o Brasil dá demonstrações de não saber fazer.

Chegou um momento em que era justo dizer que o Chile já tinha vencido o jogo. Faltava saber apenas quem ganharia a vaga.

O Brasil precisa repensar seu estilo, voltar a ter meio de campo. Ou não passa pela próxima.

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