É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
Siga o mestre
O Manchester United repetiu sua formação titular pela primeira vez em 85 partidas, ontem contra o Tottenham. Como na Copa, o técnico holandês Louis Van Gaal ressuscitou um velho sistema. Para liberar todo o talento que seu elenco tem à disposição, escalou três zagueiros.
Daí para a frente, dois pontas nas funções de alas, dois atacantes, Mata e Rooney como meias.
Dez dias atrás, em Birmingham, Van Gaal foi mais ousado ainda. Como o Aston Villa tinha só um atacante –o belga Benteke–, o United foi a campo com dois zagueiros, dois volantes e Rooney como terceiro homem de meio-de-campo.
Valencia, Ashley Young, Mata, Rooney, Falcao Garcia e Van Persie, todos juntos, todos com vocação pelo ataque, todos com desejo pelo gol.
Editoria de Arte/Folhapress |
De certa forma, Van Gaal também ressuscitou em Birmingham uma formação do passado, neste caso muito mais semelhante à que se usava no Brasil dos anos 90. Lembra de Raí e Palhinha no São Paulo de Telê, Marcelinho e Ricardinho no Corinthians bi brasileiro de 1999 ou Djalminha e Rivaldo como meias no Palmeiras dos 102 gols em 1996?
Dava gosto!
No Brasil –mas também na Europa– há uma incrível fome para copiar. Fabio Capello montou a Roma campeã italiana de 2001 no que se convencionou chamar de 3-4-1-2. Em seis meses, dezenas de times jogavam daquele jeito. Nos últimos anos, virou mania jogar no 4-2-3-1. Um ponta de cada lado, um meia ofensivo, atrás do centroavante.
Chamamos de tendência, como se fosse impossível mudar o desenho do time. Pode-se chamar também de modismo, modinha ou como quiser.
O São Paulo de Muricy teve dois meias em 2014, mas Kaká fechava uma das pontas e caracterizava o 4-2-3-1 muitas vezes. Dois meias à frente dos volantes, com os laterais subindo alternadamente e dois atacantes posicionados assim, faz tempo que não se vê.
Que não se via, antes de Van Gaal recuar Rooney, avançar Mata, escalar Garcia e Van Persie juntos e dois pontas nas funções de laterais.
Ah, sim... Naquele dia em Birmingham, o Manchester United não venceu. Ficou no empate em 1 a 1 contra o Aston Villa.
Talvez isso explique por que Van Gaal voltou ao sistema com três zagueiros na vitória contra o Newcastle e ontem contra o Tottenham.
Van Gaal não é o melhor técnico do futebol mundial. Foi quando montou o Ajax campeão europeu de 1995. Neste ano, foi o mais criativo. Perdeu Strootman na Copa e fez a Holanda jogar no ataque, com mudanças de posições constantes. Recebeu um time com recorde de jogadores canhotos em Manchester e montou a equipe organizada dos diabos vermelhos desde a aposentadoria de Alex Ferguson. Sem modinhas, sem copiar ninguém.
O United não será campeão inglês. E mesmo assim há bons motivos para falar do que está acontecendo com o time de Louis Van Gaal.
NÃO É FÁCIL
Não só o Corinthians consultou a Unimed sobre Conca. São Paulo e Flamengo também. Embora o Corinthians tenha avançado mais, não é simples a composição. O Flu paga um terço do salário e tem interesse de que a Unimed siga pagando o restante. Para tirar Conca, é preciso seduzir as duas partes.
A APOSTA
A contratação de Daniel pelo São Paulo pode ser excelente a médio prazo, mas faz sentido Paulo Nobre não apostar. Daniel jogou bem dois meses no Botafogo. Era promessa quando se lesionou e é difícil saber se voltará ao mesmo nível. A diferença é que o São Paulo tem mais condição de apostar e errar.
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