É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
Medonho
Uma névoa forte cobriu o estádio municipal de Concepción, assim como cobre o futebol brasileiro há um ano. Jogar contra o Paraguai e temer a eliminação não pode ser o futebol brasileiro. Mesmo com a necessidade de se lembrar que o Brasil perdeu sete das trinta partidas de Copa América contra os paraguaios e foi eliminado por eles em 1953, 1979, 2011 - e agora em 2015.
O 1 x 1 contra o Paraguai só não foi pior por causa da grande defesa de Jefferson, na cabeçada de Paulo da Silva, aos 15 minutos do segundo tempo. Naquele momento, a torcida paraguaia, composta por maioria chilena, pedia Lucas Barrios. Acreditava no sí, se puede.
O jogo foi horroroso, por responsabilidade dos dois times. O Paraguai tem Aranda, Piris e Victor Cáceres, que não são exatamente amados pelas torcidas do Vasco, São Paulo e Flamengo, respectivamente. O Brasil fez 1 x 0 enquanto Robinho jogou bem e indicou o atalho. Foram quinze minutos apenas. Depois, recuou pragmática e perigosamente.
Até que Thiago Silva inexplicavelmente colocou a mão na bola como já havia feito pelo Paris Saint-Germain contra o Chelsea, pela Liga dos Campeões. Derlis González empatou o jogo.
A névoa densa do estádio de Concepción era causada pela fumaça das chaminés acesas na região. A do futebol brasileiro está mais difícil de dissipar.
Não se vence assim a Argentina e esta frase serve também para o Paraguai. Viria à mente até terça-feira a lembrança de Brasil x Chile e a bola na trave de Pinilla. A pergunta que ainda se faz: seria melhor cair nas oitavas ou avançar até a semifinal e sofrer o vexame contra a Alemanha?
A Argentina não fez uma boa Copa América até as quartas-de-final, mas jogou muito bem contra a Colômbia, apesar do empate por 0 x 0. Messi subiu muito de produção sexta-feira. Melhor do que os argentinos, apenas os chilenos, na Copa América com a segunda pior média de gols desde a adoção deste formato, em 1987 - menor, só na Argentina há quatro anos.
E mesmo o Chile tem contra si o nervosismo, que fez Vidal, Alexis Sánchez e Vargas jogarem muito menos do que podem na vitória sobre o Uruguai. Valdivia compensou jogando o que não mostrava havia meses.
Na semifinal, os chilenos enfrentarão os peruanos, rivais políticos desde a guerra do Pacífico, no século 19.
É unânime entre os chilenos que seus rivais são os peruano, muito mais do que os argentinos com quem também tiveram disputa territorial.
Isso pode aumentar o nervosismo, o maior adversário do Chile, além de Paolo Guerrero.
E de Messi, provável rival na decisão do próximo sábado, no estádio Nacional.
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