É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
Os dois lados de Osório
Carlinhos abriu o marcador para o São Paulo numa jogada de ponta-esquerda, iniciada pelo desarme de Matheus Reis na linha de fundo do lado direito. O lateral-esquerdo campeão brasileiro pelo Fluminense começou o clássico como meia-esquerda, jogou com terceiro homem de meio-de-campo e terminou como lateral-esquerdo.
"É um jogador que pode atuar em várias posições", disse Juan Carlos Osório depois do empate, referindo-se ao autor do gol do São Paulo –e também a Thiago Mendes, o volante mais veloz do Brasileirão.
A polivalência estava em falta no Brasil, e Osório trabalha para forçá-la em quem têm condição de exercê-la. Por isso e porque o São Paulo jogou melhor, ponto para ele.
Por outro lado, Osório repetiu no domingo (27) estratégia condenada sempre que um técnico brasileiro a aplica: recuou. A intenção não era essa. Era rechear o meio-de-campo e dificultar o Palmeiras, mas o que se viu depois das trocas de Pato por Lyanco e de Michel Bastos por Wilder foi perder o setor vital do jogo.
Editoria de arte/Folhapress |
Desde a chegada, Osório varia entre a condescendência e o rigor excessivo de seus analistas. Não é tão diferente com outros treinadores com o mesmo tempo no cargo que ele possui. São 26 jogos, 11 vitórias, seis empates, nove derrotas. Estreou em 6 de junho, ainda não completou quatro meses.
Marcelo Oliveira iniciou seu trabalho no Palmeiras duas semanas depois, tem um jogo a menos e desempenho bem melhor: 61,3% contra 50% dos pontos conquistados pelo colombiano.
Antes do clássico, o presidente Carlos Miguel Aidar garantiu que a permanência de Osório não dependeria do resultado. "Nós estamos na expectativa para saber o que ele fará", disse o dirigente. "Mas queremos que fique e isso não depende de resultados".
A ideia é a correta, mas Osório não é milagreiro. É técnico de futebol. Significa que seu trabalho é montar seu time e vê-lo apresentar atuações com regularidade. Isso demanda tempo.
Pode custar ao time a vaga na Libertadores.
Neste momento, o Palmeiras classifica-se para o torneio continental, fruto do erro repetido de Rogério Ceni, que entregou o gol de empate no pé de Robinho, como no Allianz Parque, em março.
O Palmeiras não venceu e o tabu do Morumbi chegou a 22 partidas, com 13 vitórias são-paulinas e nove empates, mesmo número de clássicos entre Santos x Corinthians na escrita dos anos 60. O próprio Rogério, quinta-feira, definiu a importância disso. Para ele, o mais importante a se disputar no Choque-Rei seria a vaga na Libertadores.
Nessa disputa, o Palmeiras segue na frente.
É mais fácil convencer a diretoria de que Osório tem de ficar, apesar de não confiar no presidente, do que será convencer a torcida de que deve seguir, mesmo se não se classificar para a Libertadores.
O INCRÍVEL JÁDSON
Uma semana depois de definir o clássico contra o Santos, Jádson deu dois passes para gols e alcançou a marca de oito assistências. Como tem 11 gols, vice-artilheiro do Brasileiro, Jádson é quem tem a maior participação em gols na temporada. São 19, somando gols e assistências, dos 48 marcados pelo Corinthians. Significa participação em 39% do poder ofensivo do líder do Brasileirão.
Aliás, o Corinthians é quase campeão, sete pontos à frente do Atlético. A briga real é pela Libertadores. Palmeiras, São Paulo e Santos vão duelar por um lugar.
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