É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
Palmeiras evoluiu muito nos últimos anos, mas não construiu um estilo
Bizu foi contratado pelo Palmeiras em março de 1987, credenciado por seus gols pelo Caxias. Passou cinco meses sem marcar e para fugir da seca pediu até para mudar de nome: "Me chamem de Cláudio." Continuou sendo Bizu.
No dia 28 de outubro, o Palmeiras foi jogar contra o Santa Cruz, no Arruda. O Santa era lanterna e o Palmeiras de Rubens Minelli brigava para se classificar para as semifinais da Copa União. O Santa Cruz fez 1 x 0 e Bizu virou o jogo. Fez seus dois primeiros gols pelo Palmeiras no dia de São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis.
A lembrança veio à memória, porque hoje o Palmeiras joga pelo título contra o Santa Cruz, lanterna. O time de hoje é muito melhor do que o de 1987, eliminado pouco depois. O Santa é ainda pior. Tudo dá ideia de que a partida será fácil e Cuca verá sua equipe atropelar o rabeira, para abrir três pontos sobre o Flamengo.
"O jogo é difícil", diz um integrante da comissão técnica. Para ganhar pelo Brasileirão, é preciso jogar bem.
Na sexta-feira, Cuca falou sobre razões que fazem o Palmeiras fazer boas apresentações e outras discretas. "Nós jogamos de um jeito, aprenderam a nos marcar e treinamos sempre coisas novas para tentar melhorar."
Por mais que o Palmeiras tenha evoluído muito nos últimos quatro anos, não houve processo de construção de um estilo. É diferente do São Paulo da década passada ou do Corinthians, com Mano e Tite. A maneira similar de jogar fez com que, com entradas e saídas de jogadores, o Corinthians continuasse forte por seis anos.
Parece que isto se perdeu com Cristóvão Borges e agora com Fábio Carille. Vai ser preciso começar de novo. Não se trata de ter o mesmo desenho tático. Contra o Botafogo, Carille adotou o mesmo 4-1-4-1 de Tite e o time foi péssimo.
É necessário ser compacto e criativo. O Corinthians de hoje tem só a primeira parte.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
No caso do Palmeiras, a desconfiança ainda existe porque o time é muito novo. Não o elenco, contratado ano passado e mantido em sua maioria. O jeito de jogar é diferente de quando o treinador era Marcelo Oliveira ou Oswaldo de Oliveira. Não se criou um processo.
O Palmeiras joga asfixiando o adversário na saída de bola, explorando jogadas ensaiadas e impondo velocidade perto da grande área apenas porque Cuca quer assim.
O nível de maturidade de um clube se alcança quando o estilo é semelhante independentemente dos jogadores e até do treinador. Isto é o Barcelona. Não existe no Brasil.
O exemplo do Corinthians é o mais próximo aqui.
O Palmeiras da eliminação da Libertadores e da derrota para o Nacional no Allianz Parque, em março, não dava a menor pista de que poderia virar um timaço.
Dizia-se que o Palmeiras contratou em quantidade, não em qualidade. Hoje há quem afirme que Cuca dirige o melhor elenco do país. Foi seu trabalho que mudou a percepção geral.
Hoje, a primeira missão palmeirense é ganhar o Brasileirão. A segunda, manter Cuca para a Libertadores e depois definir o estilo para o time, com o técnico ou sem ele.
Por causa do trabalho de Cuca é que o Palmeiras joga hoje contra o Santa Cruz como favorito. Sem precisar do santo das causas impossíveis.
ATLÉTICO VIVO
Dos concorrentes ao título do Brasileiro, o Atlético-MG é quem sofre mais gols. Dos últimos dez jogos, foi vazado em oito. É semelhante ao problema que Marcelo Oliveira tinha no Palmeiras, que sofreu gols em todos os últimos 19 jogos de 2015.
PRÓXIMOS PASSOS
O empate contra o Flamengo mantém o São Paulo 4 pontos distante da zona da degola. Isso exige cuidado. Nas próximas duas rodadas, o time enfrenta Sport, em Recife, e Santos, no Pacaembu. Ricardo Gomes precisa de pelo menos quatro pontos.
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