É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
O próximo passo do campeão
A pergunta mais repetida dentro e fora do Allianz Parque, assim como nas alamedas do clube social no fim de semana de eleição, foi: "E o Cuca, fica?" Ninguém fazia a mesma pergunta sobre Marcelo Oliveira, no dia seguinte à conquista da Copa do Brasil, o primeiro passo para a redenção palmeirense, há um ano.
Com Cuca é diferente. "O time não era bom", diz o agente do treinador. Por mais rigorosa que seja a frase, faz sentido a comparação entre a equipe derrotada para o Nacional de Montevidéu, na demissão de Marcelo Oliveira, em março, e os campeões brasileiros com a vitória por 1 x 0, ontem, sobre a Chapecoense.
Em oito meses, o Palmeiras transformou-se. Foi ofensivo e insinuante no primeiro turno, período de vitórias marcantes sobre Atlético-PR, Fluminense, Figueirense, Internacional, Sport e Flamengo. Assumiu a liderança na nona rodada, manteve-se até a 16ª, recuperou-a na 19ª e teve o melhor ataque.
Tudo isso antes do returno começar, período em que abusou das vitórias por um gol de diferença e foi mais tenso, reflexo da arquibancada nervosa e temerária de não conquistar a taça que se aproximava.
Na Libertadores, com Marcelo, Lucas era lateral, Robinho meio-campista, Dudu jogava pela faixa central e Gabriel Jesus na ponta esquerda.
Na estreia de Cuca, Robinho e Gabriel Jesus foram para o banco. Na primeira partida do Brasileirão, Lucas e Robinho já não faziam parte do elenco. Na terceira rodada, contra o Fluminense, Jesus virou titular como centroavante, Jean na lateral direita e o sistema tático consolidou-se com o 4-3-3. Também como o maior ladrão de bolas no campo de ataque, característica que retornou coma calma do primeiro gol, no segundo tempo de ontem.
O renascimento do Palmeiras tem a ver com a montagem de um elenco acostumado a títulos, com as 25 contratações de 2015, com a melhoria das divisões de base capazes de revelar Gabriel Jesus. Mas também tem a ver com Cuca fazer jogadores médios parecerem ótimos, casos de Moisés e Tchê Tchê.
Quando assumiu o Palmeiras, em março, Cuca avisou que iria embora em dezembro, para cumprir compromissos familiares. É precoce dizer se será mesmo assim. Quem convive com o técnico há dez anos diz ter aprendido a só tratar do futuro quando se encerra o presente. Ou seja, só depois do campeonato terminar.
No sábado, logo depois de ser eleito, Maurício Galiotte afirmou: "Se chegarmos a um denominador comum, eu e todos os palmeirenses gostaríamos que o Cuca ficasse." Na diretoria, porém, há o espanto com a dificuldade de trabalhar com o técnico. Não é fácil o convívio, mesmo que muito mais calmo hoje do que já foi.
No Atlético, a avaliação é a mesma. Apesar dos problemas, o clube mineiro irá atrás de Cuca se o Palmeiras não renovar seu contrato. Tentará convencê-lo a adiar o compromisso familiar.
No Allianz Parque, se Cuca fizer um sinal de que pretende continuar, será o técnico do próximo projeto, o de voltar a ser campeão da Libertadores. Se sinalizar o desejo de ir para Curitiba cuidar da família, o clube apenas compreenderá a decisão.
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