É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
Polêmica em torneios mata-mata, regra do gol fora de casa faz 50 anos
Dolores Ochoa/Associated Press | ||
Willian, do Palmeiras (dir.), disputa bola com Jose Ayovi, do Barcelona SC, na Libertadores 2017 |
Está completando 50 anos a regra mais polêmica da Libertadores e dos torneios mata-mata ao redor do mundo: o gol fora de casa.
A regrinha que beneficiará o Santos contra o Atlético-PR e dificultará a classificação do Palmeiras contra o Barcelona de Guayaquil. Os equatorianos marcaram em todas as suas viagens nesta edição da Libertadores.
O sistema do gol fora de casa foi aplicado pela primeira vez, como teste, na Copa da Uefa de 1966, no confronto vencido pelo Dukla Praga contra o Honved, da Hungria.
O Dukla classificou-se por vencer na Tchecoslováquia por 2 a 1, depois de perder em Budapeste por 2 a 3. Passou a ser aplicado definitivamente pela Uefa na Liga dos Campeões da temporada 1967/68. Meio século atrás.
Serve para diminuir a quantidade de disputas por pênaltis.
Até hoje, há quem se confunda com a regrinha, porque durante décadas narradores e comentaristas disseram que o gol fora valia por dois. Não é assim. É apenas o segundo critério de desempate. Se dois times terminam o mata-mata empatados em pontos e em saldo de gols, aplica-se a regra.
Deu confusão grave, quando o árbitro holandês Laurens van Raaven não percebeu que os gols fora de casa valiam como critério de desempate também na prorrogação. Na Recopa da Europa de 1971/72, o Sporting venceu o Rangers, da Escócia, por 4 a 3 em Lisboa, depois de ter perdido em Glasgow por 3 a 2.
O empate por 1 a 1 na prorrogação fez van Raaven levar a partida para os pênaltis. O Sporting venceu. No dia seguinte, a Uefa revogou a decisão por razão óbvia. O Rangers marcou três gols no campo do Sporting, que fez apenas dois como visitante.
A Libertadores adotou o critério em 2005. De lá para cá, foram 255 mata-matas e 24 decididos pelo gol fora –9%.
Nestes 12 anos, já se ouviu um confuso Abel Braga declarar que, em casa, é melhor empatar por 0 x 0 do que vencer por 2 x 1, antes de um confronto contra o Olimpia, pelas quartas de final de 2013.
Incrivelmente, os paraguaios classificaram-se com um empate por 0 x 0 no Rio de Janeiro, o resultado preferido de Abel. Depois, ganharam por 2 x 1 em Assunção.
A situação atual do Palmeiras não é desesperadora. O retrospecto indica duas viradas de clubes que sofreram 1 x 0 como visitantes, nesta edição da Libertadores.
O Olimpia ganhou do Independiente del Valle por 3 a 1, na primeira fase, e virou o 0 a 1. O Tucumán ganhou pelo mesmo marcador do Junior de Barranquilla e também avançou.
Mas os palmeirenses se lembram de terem sido eliminados pelo gol marcado como visitante, nas quartas de final de 2009. Empataram por 0 a 0 com o Nacional, em Montevidéu, por 1 a 1 no antigo Parque Antarctica.
Confortável é a situação do Santos. Na história da Libertadores, jamais um time venceu por 3 a 2 na casa do adversário, num mata-mata, e perdeu a vaga no jogo de volta.
Como o Barcelona de Guayaquil faz gol em todas as suas viagens, um duelo de quartas de final da Libertadores 2017 com clássico Santos x Palmeiras dependerá de Dudu, Borja, Willian e Guerra.
Na partida de agosto, no Allianz Parque, o ataque do Palmeiras precisa decidir.
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