É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
O invicto também sofre
Rivaldo Gomes/Folhapress | ||
Líder do Brasileiro, Corinthians empatou com o Flamengo em partida disputada no domingo |
O Corinthians demorou dez minutos para ter menos tempo de posse de bola do que o Flamengo. Das doze vitórias da equipe no Campeonato Brasileiro, oito foram com o adversário pressionando no campo ofensivo. No domingo (30), o jogo foi diferente.
O Flamengo teve mais a bola e o Corinthians sofreu mesmo assim no segundo tempo.
Mas, no instante seguinte à estatística mostrar a característica corintiana, 11º minuto de partida, Jô fez gol mal anulado por Ricardo Marques Ribeiro.
Parecia o retrato deste campeonato. Em 70% das partidas, quem passou mais tempo trocando passes não venceu.
Quando Jô fez 1 x 0 e valeu, aos 22 da primeira etapa, o time de Fábio Carille tinha 63% de seus passes no campo de defesa. Um deles foi especial. A bola roubada por Balbuena na frente de sua grande área resultou em arrancada e no lançamento, nascido atrás da linha central e recebido na frente do goleiro Diego Alves. Jô não desperdiçou.
O que Balbuena tem jogado é uma enormidade! O melhor zagueiro do Campeonato Brasileiro, de longe, símbolo da defesa menos vazada.
Antes do Corinthians de 2017, oito gols sofridos, só o São Paulo de 2007 chegou ao 17º jogo com sete gols sofridos. O Palmeiras de 1973 foi vazado menos do que os recordistas dos pontos corridos -quatro vezes.
A vitória sobre o Flamengo anteciparia o título do primeiro turno. Embora simbólica, a conquista tem valor pela lembrança de que só três vezes, em quinze campeonatos, o líder da primeira metade não foi campeão em dezembro.
O sucesso do Corinthians é proporcional à instabilidade do Flamengo. Nas partidas mais difíceis, a equipe de Zé Ricardo sofre gols repetidos em jogadas semelhantes.
Contra o Cruzeiro, o Coritiba e o Corinthians, o espaço entre o zagueiro central e o lateral direito ficou enorme. A finalização certeira do adversário saiu dali.
O Flamengo sofreu 14 gols no Campeonato Brasileiro e seis de contra-ataque (42%). O Corinthians marcou 27 vezes, seis em contra-golpes (22%). Não é justo dizer que Fábio Carille faz seu time jogar de apenas um jeito.
Mas que gosta de atrair o adversário e ser traiçoeiro na retomada de bola, ele isso gosta.
Só que o Flamengo cresceu muito no segundo tempo e sua melhora teve como característica empurrar o Corinthians para seu campo de defesa. Empatou a partida em cobrança de escanteio, falha de Pedro Henrique. Quase fez o segundo gol numa finalização errada de Diego, por cima de Cássio.
Dos oito gols sofridos pelo Corinthians, seis nasceram de cruzamentos. A suspeita é de que a dificuldade de entrar na área de Cássio trocando passes faz o rival desesperar-se e apelar ao jogo aéreo.
O empate no final do jogo premiou a boa atuação rubro-negra na segunda etapa e reforça a certeza de que o Campeonato Brasileiro não está decidido, mesmo com a ampla vantagem corintiana.
Nas últimas quatro rodadas, o Corinthians não venceu três vezes. O ponto é que alguém aproveite os pequenos vacilos. Enquanto ninguém consegue, Carille chega à maior invencibilidade no início de uma campanha.
O Flamengo de 2011 chegou à 16ª rodada sem derrota. O Corinthians já está no 17º jogo e ninguém conseguiu vencê-lo.
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