Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.
O Brasil se junta aos bolivarianos
As projeções para o desempenho da economia não deixam dúvidas: o Brasil se juntou de vez aos chamados países "bolivarianos".
Pelas projeções do Itaú Unibanco, a recessão que nos assombra não está fazendo estragos em todos os países da América Latina. Pelo contrário.
As economias de México, Peru e Colômbia - países considerados amigáveis pelos investidores internacionais - vão muito bem.
As contas do banco apontam que o PIB do México deve crescer 2,4% este ano e 3,3% em 2016. No Peru e na Colômbia, o avanço deve ser de 3,3% e 3,2%, respectivamente, em 2015. Para o ano que vem, a expectativa é alta de 4,4% e 3,6%.
O governo vem repetindo a exaustão a tese de que o Brasil foi afetado por uma crise internacional, que derrubou o preço das commodities, tirando renda do país. É verdade, mas não conta toda a história.
A exceção do México, as economias peruana e colombiana também são bastante dependentes de produtos básicos, portanto, sofrem com a queda nos preços. Mas os dados mostram que conseguem resistir a esse revés.
O desempenho previsto para a economia brasileira está muito mais próximo dos países "bolivarianos" da região: Argentina e Venezuela.
Para o Brasil, a previsão do Itaú é de uma queda de 1,78% do PIB este ano, seguindo de alta de apenas 0,3% em 2016, ou seja, estagnação.
A Argentina segue nosso desempenho, embora não tão acentuadamente. A previsão é queda de 1% do PIB este ano e uma leve alta de 0,5% no ano que vem.
Para a Venezuela, o Itaú não faz previsões. As estimativas do FMI apontam queda de 7% do PIB este ano e 4% no ano que vem.
Nos últimos anos, muito se discutiu a que eixo da região o Brasil deveria se unir: os países mais pró-livre iniciativa, como Colômbia, Peru e México, ou aqueles que seguiam receitas heterodoxas, como controle de preços e capitais, caso de Argentina e Venezuela.
O governo Dilma flertou com os dois eixos em sua política externa, mas preferiu seguir o caminho "bolivariano" para a economia. O resultado, agora, é evidente.
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