Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.
Desânimo
O ministro Joaquim Levy (Fazenda) aceitou o que já era óbvio e reduziu a meta fiscal para um superavit das contas públicas de apenas 0,15% do PIB este ano.
Com o país amargando recessão de 2%, a arrecadação despencou e tornou inviável um esforço maior, principalmente para um governo frágil politicamente e incapaz de aprovar novas medidas no Congresso.
Para os próximos anos, a opção foi um ajuste mais gradual para não agravar a crise, com o superavit primário só chegando a 2% em 2018.
O mercado reagiu muito mal, com dólar e juros disparando e Bolsa em baixa. Se com a queda de arrecadação já era óbvio que seria impossível cumprir a meta fiscal, por que a surpresa?
Porque ficou escancarada a fragilidade da economia do país, que é muito pior do que imaginávamos ou desejávamos.
Antes a expectativa era tomar um remédio muito amargo de uma vez só, mas já começar a melhorar no ano seguinte. Hoje a perspectiva é que todo o segundo mandato de Dilma seja de recessão, estagnação ou, na melhor das hipóteses, baixo crescimento em 2017 e 2018.
Na vida real das pessoas, o que isso significa? Significa que aumentam as chances de perder o emprego, que é muita baixa a possibilidade de conseguir um aumento de salário, que ficou mais difícil trocar de carro, comprar um imóvel ou viajar. E isso independentemente do esforço ou desempenho pessoal.
Nesse cenário, é normal que um profundo desânimo tome conta da pessoas e dos empresários, agravando a recessão da economia - um círculo vicioso. Estamos pagando um alto preço pelos erros da política econômica dos últimos anos.
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