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raul juste lores

 

09/10/2012 - 07h07

Perguntas para Serra e Haddad

Caro Haddad,

A cracolândia é uma das regiões mais desaproveitadas de São Paulo. Servida por trens, metrô e terminal de ônibus, museus e escolas, tem dezenas de prédios vazios, terrenos baldios, comércios fechados. Enquanto milhões de paulistanos pagam fortunas para morar bem longe do centro, a Luz é central e subutilizada.

O PT tem criticado sem parar o projeto para reurbanizar a cracolândia. Mas nos quatro anos do governo Marta, não lembro de nenhuma política que tenha diminuído o drama humanitário e de saúde por ali --ou para repovoar o bairro.

Há um plano urbanístico, feito após concurso internacional, que prevê empreendimentos multiuso, com prédios de apartamentos e de escritórios, e comércios nos térreos e nas calçadas. E uma porcentagem de habitação social, como a lei manda. No papel, parece melhor que qualquer verticalização paulistana das últimas duas décadas, de Itaim à Berrini, da marginal a Pinheiros, sem planejamento algum, às vistas de governos petistas e tucanos.

Como boa parte da propriedade atual da cracolândia vive em um caos jurídico, seja por heranças e espólios fragmentados ou por dívidas e papéis perdidos, não é fácil convencer ninguém a construir ali. Mas constrói-se na cidade inteira, onde não há infraestrutura ou transporte público. E a Luz congelada.

O sr. pretende jogar esse plano urbanístico fora e começar de novo do zero? Ou fazer adaptações ao projeto? Quais? Na gestão Marta, muito se falou de adaptar prédios do centro para habitação social e quase nada saiu do papel. Daqui a quatro anos, a cracolândia continuará igual?

*

Caro Serra,

O senhor gastou R$ 1,6 bilhão na ampliação das marginais. Como 99% dos especialistas em trânsito previam, esse investimento não reduziu em nada os congestionamentos da cidade, desde que foi inaugurado (e esse valor dava para construir uns 8km de metrô).

Poucas árvores que tinham sido plantadas às margens do rio agonizante foram derrubadas para termos mais concreto.

Há décadas São Paulo insiste em investir em vias expressas, túneis e viadutos, ensinando ao cidadão que é mais negócio sair de carro do que usar o desvalorizado transporte público. E o trânsito só piora.

Nos últimos oito anos, na gestão iniciada pelo senhor e continuada pelo prefeito Kassab, nenhum corredor de ônibus municipal foi criado e vários em projeto engavetados. A rede de ciclovias cresceu, mas a maioria é exclusiva para fim de semana --mais como esporte e lazer do que opção para valer de transporte de casa ao trabalho.

A expansão do metrô do governo estadual é lentíssima e os ônibus da cidade são de péssima qualidade. Como o sr. pretende melhorar o transporte público e desestimular o transporte individual, com tal currículo desanimador de governos tucanos?

raul juste lores

O jornalista Raul Juste Lores é correspondente da Folha em Washington,
ex-correspondente em Nova York, Pequim e Buenos Aires e ex-editor
do caderno 'Mercado', e bolsista da fundação Eisenhower Fellowships. Escreve às quartas-feiras no site. Siga: @rauljustelores

 

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