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raul juste lores

 

05/12/2012 - 04h36

Muito peso nos ombros da Praça das Artes

Com a inauguração da bela Praça das Artes, entre o Vale do Anhangabaú e a avenida São João, enorme complexo cultural e nova casa para diversos corpos estáveis do vizinho Teatro Municipal, mais uma vez vai se dizer que uma obra "vai revitalizar" o Centro.

O complexo tem a vantagem de ser aberto, na concepção dos arquitetos Marcelo Ferraz, Francisco Fanucci e Marcos Cartum. Tomara que sua praça central seja, de fato, aberta, sem futuras catracas, grades e barreiras. Pode compensar a pouco inspirada vizinha praça do Anhangabaú, aquela onde os banheiros públicos enterrados entre degraus são a maior atração.

Que a nova Praça tenha seus horários bem mais elásticos que os do funcionalismo público convencional, que tenha muitas atividades também nos finais de semana e à noite.

Mas já passou da hora de depositarmos as esperanças de um Centro vivo de domingo a domingo, de manhã à noite, em um equipamento cultural. A Luz não se tornou "revitalizada" após a abertura da Sala São Paulo, da Pinacoteca, do Museu da Língua Portuguesa. Até seus frequentadores mais fiéis os visitam como quem entra em um bunker.

Com a rara exceção do Centro Cultural Banco do Brasil, as dezenas de equipamentos culturais instaladas no Centro para "revitalizar" a área são de portas para dentro. O governo federal ainda deve uma explicação sobre o desaproveitado prediaço dos Correios, ali ao lado.

Para revitalizar o Centro, precisa ter gente morando lá --e de várias classes sociais misturadas. Nem Jardim Europa, nem Cidade Tiradentes. A mistura faz bem para os dois lados, para quem busca e oferece emprego, para quem precisa de transporte público, para quem quer uma cidade menos segregada.

E precisa ter emprego. Nenhum prefeito dos últimos vinte anos conseguiu estancar o êxodo das poucas empresas, bancos e grandes escritórios de advocacia que ainda restavam no Centro.

Além de programas espertos de habitação, seria ótimo que o prefeito Haddad aproveitasse a lua de mel de início do cargo para convencer algumas grandes empresas a se instalarem no Centro. Aí, sim, poderemos começar a falar de revitalização.

raul juste lores

O jornalista Raul Juste Lores é correspondente da Folha em Washington,
ex-correspondente em Nova York, Pequim e Buenos Aires e ex-editor
do caderno 'Mercado', e bolsista da fundação Eisenhower Fellowships. Escreve às quartas-feiras no site. Siga: @rauljustelores

 

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