É repórter especial. Já foi correspondente em Washington, Nova York, Pequim e Buenos Aires, e editor de 'Mercado'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
Colorido e geométrico, Três Marias começou a mudar perfil da Paulista
O arquiteto carioca Abelardo de Souza brincou de cubo mágico neste edifício na esquina da Paulista com a Haddock Lobo. A parte superior inverte as cores, a posição dos terraços e até a moldura feita de pastilhas da parte inferior, como se a fachada tivesse rotado para a direita.
O jogo de cores e a alternância das sacadas dão graça ao primeiro empreendimento do mercado imobiliário na avenida Paulista para a classe média alta (o único prédio anterior na via, o Anchieta, na esquina da Consolação, era investimento de um fundo de pensão). A marquise na entrada desapareceu quando houve o alargamento da avenida e o playground, um dos primeiros da cidade, foi substituído por mais vagas de garagem.
Colega de turma de Oscar Niemeyer, Abelardo veio a São Paulo para desenhar postos de gasolina, na época que eles mereciam capricho arquitetônico e carro era coisa para poucos.
O incorporador do prédio era Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), que dez anos depois mudaria de ramo ao comprar a Folha, da qual se tornaria publisher.
Naquele 1952, ele dirigia a carteira predial do Banco Nacional Imobiliário e tinha adquirido um ano antes dois grandes terrenos na Paulista, então endereço exclusivo de palacetes da elite. A construção do Três Marias só foi autorizada por ainda não ter lojas no térreo.
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